Todas as Nações e Babel

Embora possa parecer, o tema pós-diluviano não está baseado na “maldição de Cam” ou na “confusão das línguas” em Babel, o ponto central do relato esta na “execução dos propósitos divino”. Logo, o ponto de partida não são as consequências, por exemplo, a confusão das línguas mas sim a ordem divina de Gênesis 1.28 e 9.7 – “[...] multiplicai-vos; povoai a terra e multiplicai-vos nela.”

A. A Maldição de Cam – Gên. 9. 20 a 23 estabelece uma conexão com Gên. 3.7 a 11. Em ambos os relatos a nudez é revelado como resultado do pecado (desobediência). Logo, esta associada a “vergonha, afastamento de Deus e vulnerabilidade”, algo que não deveria ser comunicado e sim velado (coberto). 

i. Deve-se notar que a maldição fora pronunciada por Noé e não por Deus – Isso dá ao pronunciamento um aspecto mais relacionado a uma “revelação profética” (profecia) do que um castigo de cumprimento imediato.

ii. As palavras são dirigidas a “Canaã” filhos de Cam – Embora o texto identifique Cam como aquele que “viu” a nudez do pai, as palavras são dirigidas a seu 4° filho, neto de Noé. 

1. “O fato de a maldição ser pronunciada sobre Canaã, o quarto filho de Cam, em vez de sobre o próprio perpetrador do mal, tem sido considerado por muitos comentaristas como evidência de que, na verdade, Canaã tinha sido o culpado, e não Cam, e de que o v. 24 se refere a ele como o membro mais novo da família de Noé. Orígenes, um dos pais da igreja, menciona a tradição de que Canaã foi quem primeiro viu a vergonha do avô e contou a seu pai. Não é impossível que Canaã tenha participado da má ação do pai.” (Comentário Bíblico Adventista – Gênesis).

iii. Canaã deveria ser “servos dos servos” – O termo não indica um “rebaixamento” à posição de servo, mas sim um “superlativo”. Noutras palavras Canaã seria um servo por excelência – um bom servo.

1. A despeito da revelação de ser “servo” dos irmãos, ironicamente, os descendentes de Canaã seriam alvo da “graça” de Deus. Gên. 15. 13 a 21 menciona que o período de “peregrinação” da família de Abrão também seria um período de “graça” aos povos de Canaã.

B. Genealogia:

1. Enfatiza a natureza histórica dos eventos;

2. Demonstra a continuidade desde o passado e;

3. Lembra a fragilidade humana em relação ao efeitos do pecado (morte).

C. Um idioma – Embora neste contexto da história só havia “um idioma”, indicando “a unidade e união entre os povos”, deve-se considerar que os indivíduos que empreenderam a construção da “cidade e da torre” são identificados como “filhos dos homens”, referência direta a Gên. 6.2 (a corrupção pré-diluviana). 

i. O fato de haver uma só língua também enfatiza a “união” dos filhos dos homem em oposição a orientação divina.

ii. Usando como referência Gên. 4.17 e 10.8 a 12 é possível inferir que a intenção de Deus não era, pelo menos não neste contexto, que os homens empreendessem construções de “cidades”. Ao que parece as cidades estão sempre relacionadas ao “aumento da maldade”.

1. Ao mesmo tempo, a ideia de cidade sempre esta em oposição a ideia de “tendas”.

a. Enquanto “tendas” da a ideia de “peregrino e transitório”. “Cidade” da a ideia de “residente e permanente”.

iii. Vários idiomas (línguas) – mesmo o episódio da Torre de Babel não frustrou os planos de Deus. Por meio do profeta Sofonias 3.9 e do profeta João, Apocalipse 5.8 a 14, Deus promete unificar as línguas e os povos novamente.

D. Vamos descer – Embora os filhos dos homens tenham si “unido” contra o designo de  Deus, o Senhor revelou a “unidade” de propósito e ação da divindade descendo para interver na história.

i. A cidade e a torre de Babel (porta de Deus), não somente contrariava a ordem divina de povoar a terra. Mas também, configurava “um reino” a parte do “Reino”. A cidade seria um “Estado Independente” e absolutista. Rivalizando com o Reino vindouro de Deus.

ii. As ações de Ninrode revelam uma ação contrária a genealogia de Gênesis. Enquanto é mencionado a geração de filhos (descendentes), sobre Ninrode não é mencionado, pelo menos neste relato, “descendentes” mas a edificação de “cidades e reinos”.

2. DESTACAR 

A. Ao que parece, pelo menos no contexto imediato, tanto a cidade como a torre de Babel ao invés de ser um “monumento” a grandiosidade humana, se tornou símbolo de uma tentativa frustrada, um monumento inacabado. Frustrados em Babel a Babilônia ficou famosa pela construção dos “Ziggurat”, montanhas artificiais cujo o nome “Etemananki” sugere a ligação entre a terra e o céu.

3. APLICAÇÃO 

A. Assim como em Gên. 3 a tônica do relato enaltece a necessidade humana de se submeter a vontade e orientação divina. Seja na “queda”, como em “Babel” a desobediência levou, respectivamente, ao surgimento e ao aumento da maldade humana. Ambos os relatos nos ajudam a compreender uma importante lição – a grandeza humana esta escondida na obediência à Deus!


Pr. Vítor Ribeiro – Missão Global – AML

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