Os últimos dias - Comentário LES
Marcos 13:26 e 27
A. Marcos 11 a 13 formão um bloco de textos dentro do contexto em que o templo é o cenário e o centro que reúne todos os eventos. Desde a cura do cego Bartimeu ate a saída de Jesus do ambiente do templo, tudo estará, direta ou indiretamente, ligado a este importante símbolo da vida religiosa do povo judeu. Dada a importância deste local, e precisamente com base nele que Jesus irá apresentar o mais importante de todos os seus ensinos sobre o destino do templo, da nação, dos cristãos e do mundo. Culminando com a segunda vinda e a redenção dos salvos.
B. A oferta da Viúva - Marcos 12:35 inicia com uma importante constatação: Jesus, agora, está no lugar onde deveria estar e realiza aquilo que era Seu propósito realizar - ensinar o povo no templo. E o povo o ouve com grande "prazer".
- Levando em consideração todos os embates e dificuldades que Jesus enfrentou desde o momento de entrar no templo (Marcos 11:11), agora Ele pode fazer o que desejou, ensinar.
- E, dentre os ensinos apresentados por Jesus, Marcos, destaca, ainda que de modo sutil, uma das grandes doutrinas do cristianismo - a encarnação de Jesus.
- Por meio das palavras de Davi, inspiradas pelo Espírito Santo, Jesus declara que o Cristo, ao mesmo tempo que é Senhor de Davi é também seu Filho. Uma referência ao fato de que o Senhor se tornaria homem e faria parte da descendência do rei Davi.
- Ao mesmo tempo, que apresenta essa importante verdade Jesus destaca, não somente o "ensino dos escribas", mas também, a maneira como esse grupo se comportava e, adverte: Guardai-vos dos escribas. O mesmo que dizer: Não sejam como os escribas. E, por que?
- Porque eles "fingem religiosidade" mas, com suas ações, prejudicam financeiramente as viúvas.
- É com base nessa contatação, do comportamento inapropriado dos escribas que Jesus exalta o comportamento da viúva nos versos 41 a 44.
- A ênfase no comportamento desprendido, generoso e fiel da viúva estava em direta oposição ao comportamento ganancioso, egoísta e infiel dos escribas.
C. A destruição o templo e o princípio das dores - O capítulo 13, em resumo, retrata o início do fim do ministério terreno de Jesus. No entanto, a narrativa ganha ainda mais dramaticidade pois descreve a última vez que Jesus (Deus) esteve no templo e, ao sair, profere, não uma benção, mas sim uma maldição.
- Essa cena ecoa o momento anterior em que Jesus, ao entrar no templo, procura frutos na figueira e, não encontrando, a amaldiçoa.
- As palavras de Jesus aos discípulos podem ser divididas em três blocos:
- O templo (vs. 1 e 2):
- Ao se referir a destruição do templo, Jesus faz referências a "pedras". Essa referência não é sem razão, pelo contrário. Ao explicar a parábola da vinha no capítulo 12, Jesus faz referência a "pedra que os construtores rejeitaram" (Salmo 118:22 e 23), fazendo referência a Si mesmo. Uma vez que a principal pedra da edificação é rejeitada e "retirada" da edificação, todo o edifício será abalado e fatalmente ruirá. Logo, a saída de Jesus do templo, simboliza a futura destruição do local.
- O mundo (vs. 3 a 8):
- buscando responder a primeira pergunta dos discípulos (quando), Jesus revelou como estaria o mundo. Guerras, terremotos, confrontos entre reinos, nações e fome assolarão o mundo. Mas ainda não é o fim.
- O discipulado (vs. 9 a 13):
- Os discípulos seriam expulsos das sinagogas e o evangelho alcançaria "todas as nações". Com efeito, os discípulos teriam de comparecer diante dos tribunais e governadores para servirem de "testemunhas" de Cristo. Nesse período, porém, não deveriam se preocupar, pois o Espírito de Deus estaria com eles e lhes daria as palavras para testemunhar.
D. O abominável - Nos versos 14 a 18 Jesus irá tratar sobre os eventos que se relacionam diretamente com a queda do templo no ano 70 d.C.. Contudo, fará isso, dividindo Sua fala em dois blocos:
- Os eventos que terão lugar antes da destruição do templo (vs.14b a 18):
- Antes da destruição a cidade de Jerusalém seria sitiada pelo exercito romano, obrigando, aqueles que estivessem na cidade, a fugir para os montes.
- Os eventos que terão lugar depois da destruição do templo (v.14a):
- Depois da destruição do templo, com base em Daniel 9:27; 11:31 e 12:11 viria o "abominável da desolação". Essa referência aponta eventos que ocorreriam depois da morte de Cristo, bem como, depois da queda, não somente do templo (em 70 d.C.), mas também, depois da queda do próprio império romano.
- Daniel 12:11 estabelece uma possível sequencia de eventos dentro da cronologia profética: Depois do tempo em que o "sacrifício diário" for tirado, e posta a abominação desoladora, haverá ainda mil duzentos e noventa dias.
- Levando em consideração que o sacrifício diário se refere ao ministério de intercessão de Cristo no santuário celestial, é possível que a "abominação desoladora (ou o abominável da desolação)" seja a usurpada atividade da igreja apostólica romana realizada após a queda de Roma e desenvolvida no período do 1290 dias/anos.
E. A grande tribulação - O ponto critico das descrição feita por Jesus nos versos 14 a 23 encontra-se no verso 19 quando é apontado a Grande "tribulação" que alcançará aqueles que decidirem permanecer ao lado do evangelho.
- No texto, Jesus vai exortar sobre a tribulação daqueles dias e, Marcos usa a palavra "thlipsis"(grego), para caracterizar esse período.
- Traduzido como tribulação, thlipsis, destaca a ideia de:
- pressão (o que comprime ou esfrega), usado para um lugar estreito que "prende alguém"; tribulação , especialmente pressão interna que faz com que alguém se sinta confinado (restrito, "sem opções").
- Ou ainda, ("compressão, tribulação") traz o desafio de lidar com a pressão interna de uma tribulação , especialmente quando se sente que "não há como escapar" ("confinado") [fonte: https://biblehub.com/greek/2347.htm].
- Ao fazer referência a tal período Jesus tinha em vistas as atividades do chifre pequeno (Daniel 7:25), que perseguiria o povo de Deus durante o período dos 1260 anos (538 a 1798 d.C.). Período de supremacia da igreja Católica Apostólica Romana.
- No entanto, mesmo sem opções ou sem perspectiva e esperança, Jesus garante que aqueles dias seriam de direta intervenção de Deus a fim de manter e livrar Seu povo.
F. A vinda do Filho do Homem - Embora dentro de um conjunto de outros eventos importantes, que tomaram, em primeira mão, a mente dos discípulos, a segunda vinda de Cristo se sobressai acima de todos os demais eventos descritos no capítulo 13.
- O que chama a atenção é que esta é a primeira vez que Jesus aborda, de forma ampla, o tema da segunda vinda. Ate aqui, Seu foco era revelar os eventos ate a manhã da ressurreição. Agora falará claramente sobre os eventos que ocorrerão após Sua ressurreição e ate Seu retorno.
- Ligando o retorno à Terra como a destruição do templo Jesus exorta seus seguidores a terem cautela e cuidado, pois ao longo do tempo, surgiriam muitos tentando desviá-los da verdade.
- No texto Jesus fecha o discurso com pelo menos 5 referências a necessidade de sobreaviso e vigilância.
- Isso revela que o retorno de Jesus é certo, mas exige atenção e vigilância.
Destaque:
A. Os versos 35 a 37 de Marcos, ainda que imperceptíveis, destaca grande verdade sobre a pessoa de Jesus e Sua encarnação. Para os judeus o rei Davi é considerado o símbolo máximo da monarquia israelita. Contudo, Jesus demonstrou, por meio da revelação do Espírito Santo, que o próprio Davi admite ser ele inferior ao Messias. Logo, o Messias, não é somente Senhor do sábado (Marcos 2:23 a 28), é também, Senhor de Davi.
B. Há um ponto fundamental que deve ser levado em consideração quando analisamos os capítulos 11 a 13 do evangelho de Marcos. Os eventos, ensinos e revelações apresentados por Jesus, todos estão relacionados com o contexto do templo. A ação de entrar no templo, purifica-lo, ensinar sobre o principal dos mandamentos, sair do templo e profetizar sobre a destruição do local pelo poder romano e ao relatar sobre a grande tribulação (perseguição) contra os fiéis seguidores de Cristo e do evangelho, culminando com a segunda vinda de Cristo, tudo está relacionado com o templo de Jerusalém e, por consequência, a ação de Cristo no santuário Celestial. Noutras palavras, tendo o templo de Jerusalém e o santuário celestial como pano de fundo, Jesus traça uma linha do tempo dos eventos que ocorreriam do ano 31 (Sua morte) ate o fim (Sua segunda vinda).
Aplicação:
A. As palavras de Cristo em Marcos 13, com especial atenção ao verso 19, certamente deve ter produzido grande aflição nos discípulos naquele tempo, assim como, produz apreensão também em nós hoje. Sabemos com certeza, que nem todos os fiéis atravessaram com vida esse período, contudo, tiveram a segurança de atravessar o período, confiando nas predições de Jesus. Do mesmo modo, ainda que não saibamos quando Jesus voltará, podemos avançar confiados nas palavras de Cristo. Pois como Ele predisse, tudo irá se cumprir.
Pr. Vítor de Oliveira Ribeiro - Sagrada Família - MMN - USeB
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