O Senhor ressuscitado - Comentário LES
Marcos 16:6
A. A morte e sepultamento de Jesus sela o início das celebrações da Páscoa e, com isso, o início de um período de sete dias em que o povo deveria se abster do uso do "fermento". Ligado aos significados da festa da Páscoa o pão asmo se refere ao fato do povo ter saído do Egito as pressas, sem tempo hábil para que a massa pudesse ser levedada (cf. Êxodo 12:34 e 39). Curiosamente, Jesus usou o exemplo do fermento em Seus ensinos para referenciar a "incredulidade dos judeus" (cf. Marcos 8:15). Agora, Marcos inicia o capítulo 16, um capítulo que terá como traço marcante o esforço divino em lutar contra a incredulidade em relação a promessa de Sua ressurreição. Exatamente durante a festa dos pães asmos, período em que mais os discípulos precisaram exercer a fé.
B. Alegrando-se na ressurreição - Com frequência, o tema da ressurreição de Jesus tem levado os cristãos a debaterem se este dia se tornou "santo" ou não por ocasião da ressurreição. Contudo, o relato da ressurreição de Jesus não pode ser diminuído a esse debate. Isso porque, o evento esta inserido em um conjunto muito mais amplo e significativo do que isso. Principalmente, porque Jesus não deixou nenhuma margem para a santificação deste dia.
- A primeira ênfase destacada pelo relato é o cenário/pano de fundo em que a ressurreição de Jesus está inserido: a celebração da Páscoa e o início da celebração da festa dos pães asmos.
- Um período de lembrança das obras de Deus no passado, mas também um período de abstenção do fermento (símbolo do pecado e de incredulidade [falta de fé]).
- Segundo, este período que iniciava com a lembrança do passado triste, remetia a esperança de um futuro glorioso. Visto que a festa dos pães asmos esta associada a celebração da "festa" das Primícias, referência a ressurreição de Jesus (cf. Levíticos 23:9 a 14).
- Terceiro, esse período de três dias em que Jesus ficou no sepulcro deveria ser um período de intensa oração e fé na promessa, anteriormente, apresentado por Jesus (cf. Marcos 9:30 e 31).
- Logo, o dia da ressurreição de Jesus não marca um dia de discordância sobre a santidade ou não deste dia mas sim, um dia em que a Palavra de Deus se cumpriu como foi anunciada. E, se a Palavra se mantem fiel e imutável sobre a ressurreição, também se mantem em relação a tudo o que anteriormente foi apresentado.
C. Pedra removida - Como já mencionado, o primeiro dia posterior a Páscoa foi tudo, menos um dia de alegria. As últimas horas da sexta-feira (dia da preparação) e o sábado, foram marcados por sentimento de derrota, tristeza e desesperança. Tudo ao contrário do que deveria ter sido. E por que?
- A resposta é a "incredulidade" causada pela falta de fé nas promessas feitas pelo Senhor.
- Jesus repetiu várias vezes o que deveria ocorrer em Jerusalém por ocasião da festa da Pascoa. Mas os discípulos não se atentaram para as instruções e, por isso não tinham no que se apegar nesse momento de incerteza e dor.
- Prova de que não creram nas palavras de Cristo é que na manhã do domingo foram ao tumulo com o intuito de encontrar Jesus ainda morto.
- A pergunta: Quem nos removerá a pedra [...]? Não se refere somente ao obstáculo físico, mas também, ao obstáculo da fé. A pedra que precisava ser removida não era a da entrada do túmulo, pois está foi removida pelo poder de Deus. A pedra a ser removida na manhã do domingo era a incredulidade e a falta de fé.
D. Mulheres junto ao túmulo - Como temos visto ate aqui, a narrativa de Marcos 16 está repleta de referências a incredulidade, não somente dos discípulos mas também, por parte do povo que estava em Jerusalém. Ao mencionar as mulheres que estavam junto ao túmulo, podemos destacar:
- Embora deveria ser uma manhã de alegria, onde todos os discípulo deveriam ter ido ate o túmulo para celebrar a vitória de Cristo sobre a morte, aquela foi uma manhã de tristeza e luto.
- As mulheres, como os discípulos não creram nas palavras de Cristo. Se houvessem crido, estariam se preparando para encontrá-Lo na Galileia (cf. 16:7).
- Aqui há um ponto importante a ser destacado. Jesus não disse que os encontraria novamente em Jerusalém, pelo contrário, o local de encontro seria na Galileia. Contudo, por conta da dureza de coração e a incredulidade Jesus se manifestou aos discípulos ainda em Jerusalém e por duas vezes.
- Ao verem a pedra removida e o anjo dentro do túmulo elas ficaram "surpreendidas e atemorizadas" (v.5).
- Logo, esse sentimento foi substituído por "temor e assombro" (v.8).
- A palavra assombro usada aqui, no grego é a palavra "êxtase" que se refere a: um deslocamento (da mente), perplexidade, êxtase, (propriamente: distração ou perturbação da mente causada por choque), perplexidade, espanto; um transe. (fonte: https://biblehub.com/greek/1611.htm).
- Isso explica o motivo das mulheres não terem dito nada a ninguém.
- Elas foram relembradas da promessa de ressurreição e de qual deveria ser a atitude delas: Ide.
- Note que agora a mensagem (boa nova ou evangelho), não é "Ele é o Cristo, o Filho de Deus". A mensagem do evangelho agora é: "Ele ressuscitou".
- A ênfase agora está na mensagem que os discípulos precisam receber e crer: Ele ressuscitou. Essa se torna a boa nova, essa se torna a ênfase do evangelho (cf. 1 Coríntios 15:1 a 8).
E. Aparecendo a Maria e aos outros - Infelizmente como se sabe o testemunho de uma mulher não tinha naqueles dias tanto peso e importância como o testemunho de um homem.
- Contrariando a lógica Jesus aparece primeiro para Maria, uma mulher com o passado duvidoso.
- A dois discípulos que não faziam parte do grupo seleto dos doze;
- Depois aos dez e;
- Por fim a Tomé, o mais incrédulo dos discípulos.
- Ao que parece, Jesus intensifica Sua aparição em Jerusalém com o único intuito de arrancar a incredulidade quanto a Sua promessa e plantar no coração dos discípulos a mensagem que, a partir de agora, deveria ser anunciada: Ele ressuscitou.
F. Vão por todo o mundo - João Marcos finaliza seu relato sobre o ministério de Cristo assim como iniciou, destacando as palavras e iniciativas de Cristo para que o "mundo" tenha acesso aos benefícios de Sua obra.
- Embora destaquemos, com maior ênfase a comissão apostólica da pregação do evangelho, Jesus dará destaque a dois pontos que sustentam e formam a base da grande comissão:
- Jesus ratifica a importância de Sua ressurreição e, a necessidade de crer que Ele está vivo.
- Isso se faz necessário pois todo o ministério de Cristo perde a importância se Ele, depois de ter apresentado o evangelho do reino e de ter convidados a todos a se arrepender, não estiver vivo para dar sequencia a Sua obra.
- Marcos destaque a importância da posição de Jesus e a continuidade de Sua obra.
- Jesus, agora, assume a posição de Senhor, Mediador, Intercessor assentado à destra de Deus (cf. Marcos 14:62).
- Enfatizando o Cristo ressurreto e assentado á destra do trono de Deus, Marcos coloca em destaque a ação de Cristo em cooperar com os apóstolos no testemunho que deram ao mundo.
Destaque:
A. Marcos inicia seu relato sobre o ministério de Jesus apontando que este relato será o "Princípio" do evangelho de Jesus Cristo (Marcos 1:1). Já no capítulo 1:14 e 15, o autor deixa claro que neste início de evangelho Jesus destaca três pontos em Sua pregação: 1- O tempo está cumprido; 2 - O reino de Deus está próximo e; 3 - Arrependei-vos e crede no evangelho. Uma vez trabalhado todos estes temas durante Seu ministério terrestre, ao final, depois da ressurreição, as boas continuam sendo a necessidade de se arrepender e crer no evangelho. Contudo, agora, o conjunto relacionado as boas novas, inclui a mensagem de que Jesus ressuscitou. Está mensagem, referente a ressurreição, é parte fundamental da proclamação do evangelho. Visto que, caso não creiamos na ressurreição, tudo o que Jesus realizou, deixa de ser relevante.
Aplicação:
A. O capítulo 1 de Marcos é marcado pela forte ênfase na pregação do evangelho. Naquela ocasião a mensagem era de "arrependimento para remissão dos pecados e a preparação para o reino de Deus". No último capítulo, o relato de Marcos termina com forte ênfase na pregação do evangelho. Contudo, agora, além da mensagem de "arrependimento para remissão dos pecados há a necessidade de receber o reino que já disponível" por meio de Cristo Jesus. O verso 15, do capítulo 1, destaca "arrependei-vos e crede no evangelho", o mesmo destaque apresentados pelos últimos versos do capítulo 16. Hoje a ênfase continua sendo a mesma, o esforço divino em convencer os "discípulos modernos" da necessidade de se arrepender dos pecados e crer no evangelho. O evangelho que anuncia a breve volta dAquele que está assentado à desta e Deus. Você crê nisso? Se sim, pregue!
Pr. Vítor de Oliveira Ribeiro - Sagrada Família - MMN - USeB
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