Sinais da divindade - Comentário LES
João 11:25 e 26
A. Sem dificuldade, ao analisamos o evangelho de João, veremos que, seja pelo contexto e o momento histórico em que João escreveu ou pela maneira e a forma utilizada para apresentar a pessoa de Jesus Cristo, fica evidente que João escreve com o intuito de despertar e estimular a fé de sua audiência na pessoa de Cristo Jesus. O objetivo de João não se resume em somente apresentar o homem de Nazaré filho de José e Maria, pelo contrário, o objetivo de João é apontar que o carpinteiro de Nazaré, de fato, é o filho de Deus. Do primeiro ao último capítulo João se esforça na tentativa de evidenciar a divindade de Cristo, e isso se torna cada vez mais visível a medida que analisamos cada um dos relatos tendo como pano de fundo o desejo de Deus, de levar seu povo, á crer Naquele que veio para salvar. Na verdade e em resumo, o evangelho de João narra o esforço de Jesus para que fosse reconhecido como Deus ao mesmo tempo, que revela o esforço do idoso apóstolo em manter viva a fé nesta verdade.
B. O milagre do alimento para cinco mil - Levando em consideração que cada um dos sinais/milagres realizados por Jesus tinha como finalidade ajudar a multidão a reconhecer a Sua identidade e também a finalidade de Seu ministério, o capítulo 6 do evangelho de João aponta esse esforço de Jesus em interagir com o povo a fim de que entendessem quem Ele é e qual a Sua missão.
- Assim como apresentado até aqui, a leitura cuidadosa do capítulo 6, principalmente dos versos 1 a 15, nos ajuda a entender que as ações praticadas por Cristo nessa narrativa tinham como finalidade direta apontar Jesus como profeta prometido por Moisés em Deuteronômio no capítulo 18:15. Abaixo relaciono as evidências encontradas no texto que apontam para esta relação entre Jesus e Moisés:
- Jesus atravessa o mar da Galileia assim como Moisés atravessou o mar vermelho.
- Jesus é acompanhado por uma multidão assim como no deserto Moisés esteve junto a multidão dos israelitas.
- As pessoas seguiram Jesus pelos sinais que ele fazia assim como também ocorreu com Moisés ao retirar o povo do Egito.
- O texto diz no verso 3 que Jesus subiu ao monte e ali se assentou fazendo referência ao fato de que Moisés também subiu o Monte Sinai e ali se sentou na presença de Deus.
- O texto aponta no verso 5 um teste feito com Felipe a fim de que pudesse ser provido pães para o povo. Já no verso 11 o texto destaca que Jesus tomou o pão deu graças e o distribuiu assim como corria quando Deus enviava o Maná para o povo no deserto.
- Por último o texto irá destacar a ação descrita no verso 12 relacionado ao recolhimento dos pedaços e a quantidade de cestos que foram reunidos em número de 12.
- Todas essas referências realizadas por Jesus ocorreram num período próximo da Páscoa dos judeus conforme o verso 4 do capítulo 6, apontando ainda mais para as relação com Moisés.
C. Este é verdadeiramente O profeta - Quando analisamos o capítulo 6 do evangelho de João em especial a ação de Jesus em multiplicar os pães e os peixes devemos ter em mente duas perspectivas importantes:
- O povo judeu estava sob a condição social de dominação pelo poder romano. Logo, para eles, era esperado a vinda de um Messias que reivindicasse o trono de Israel e por consequência, libertasse os judeus da opressão Romana.
- As características de Jesus, não somente o seu cuidado com o povo, mas principalmente, o seu poder de multiplicar pães e peixes, levou o povo a entender que Ele, de fato, era o prometido profeta do qual Moisés se referiu.
- Devemos levar em consideração que além de atender as mazelas do povo o Messias prometido também tinha como objetivo dar sequência ao Ministério de Moisés conduzindo o povo a compreensão e a preparação para o recebimento de um Reino que não pertencia a este mundo mas sim ao mundo por vir.
- Diante dos fatos e dos sinais operados por Cristo o povo teve a certeza de ser ele O profeta prometido por Moisés. No entanto, foram pegos de surpresa quando Jesus por Suas palavras e ações negou a intenção de ocupar o trono de Israel, subjugar o poder romano e libertar e tornar a nação gloriosa para este mundo. Seu objetivo no entanto, era que por meio dos Seus sinais palavras e ações o povo pudesse crer na Sua divindade. Não para que tivesse resultados temporais mas sim, para que estivessem preparados para receber os benefícios eternos do Ministério do Messias.
D. A cura do cego - parte 1 - O relato do capítulo 9 é sem dúvidas um dos capítulos mais completos da Bíblia quando se trata sobre a revelação da identidade missão de Jesus. Isso porque, de forma simples, o capítulo é subdividido em três partes que tratam de forma distinta, da compreensão progressiva da identidade do Filho de Deus.
- Dos versos 1 a 12 Jesus realiza o milagre da cura e é identificado, a princípio, como o Homem (cf. verso 11).
- Dos versos 13 a 34 João relata o debate entre o homem curado e os fariseus que não criam em quem era Jesus. Nesta perícope ou porção do texto Jesus será identificado como um Profeta, conforme se encontra no verso 17.
- Contudo, é somente no final dos versos 35 a 41, que Jesus, de fato, mais uma vez, Se revelando ao homem curado e Se identifica como o Senhor, que receberá adoração ao ser identificado como o Senhor e Deus. Conforme o que se encontra no verso 38.
- No entanto é a primeira porção do texto, ou seja dos versos 1 a 12 que Jesus irá iniciar Sua tentativa de levar o povo a entender quem Ele de fato é, pois é neste momento que Jesus vai usar a condição do cego para estabelecer uma parábola que retrata a condição espiritual do povo judeu. Por fim, esta primeira perícope terá como destaque o debate que gira em torno de duas questões principais:
- Primeiro pecado versus obras de Deus e;
- Em segundo lugar, a cegueira versus a visão.
- Nesse contexto, a cegueira do povo judeu está associado a cegueira do homem que uma vez curado passou a enxergar a identidade de Jesus. Algo que os judeus não foram capazes de compreender.
E. A cura do cego - parte 2 - A segunda parte da análise feita sobre o relato da cura do cego junto ao poço de Siloé revela a preocupação e o desejo dos fariseus em saber quem era aquele que havia curado no sábado.
- Infelizmente, mais uma vez, vemos que a preocupação e o foco da discussão, não era o benefício e o beneficiário, pelo contrário, o objetivo da discussão ou do interrogatório ao homem que havia sido cego e que agora estava curado era de fato identificar quem era aquele que havia violado o mandamento ou a regra do sábado.
- O texto destaca que a medida que o homem curado avança em acreditar e desenvolver a sua fé na pessoa de Jesus Cristo por outro lado, os fariseus, a medida que a discussão avança passam a descrer cada vez mais da pessoa de Cristo Jesus chegando ao ponto de o classificarem como pecador.
- Um ponto a ser destacado dentro desse relato é a ausência de Jesus. Isso porque ao se ausentar da cena Jesus dá espaço pleno para que o beneficiário da benção ou seja o homem curado, torna-se o protagonista de todo o relato. Isso nos leva a entender que uma vez sendo alcançado pelas bençãos de Deus somos nós que devemos tomar o protagonismo e testemunhar não somente do benefício recebido mas principalmente daquele que nos beneficiou através do milagre provido por Deus.
F. A ressurreição de Lázaro - A narrativa do capítulo 11 é sem dúvida nenhuma um dos textos mais significativos sobre o aspecto da emoção neste evangelho. Isso porque, é neste texto que não só as irmãs de Lázaro, os judeus, mas em especial, o próprio Cristo, são retratados em lágrimas.
- No entanto, este episódio deveria ter sido marcado não pela tristeza e pela dor mas sim pela alegria e a felicidade da presença daquele que é a ressurreição e a vida. Esse sem dúvida nenhuma é o primeiro contraste do texto. Enquanto Jesus não estava presente a dor estava presente, mas com a presença de Cristo, a vida se apresenta. Logo, não deveria ter sido um momento de tristeza e dor.
- Acima de tudo isso, o texto destaca ou nos provoca a pensar qual é o tema principal deste capítulo.
- Uma leitura superficial do texto certamente nos levará a entender que o tema principal do capítulo 11 é a morte e ressurreição. Contudo, se analisarmos com cuidado veremos que morte e ressurreição não é o tema principal, pelo contrário, morte e ressurreição é um tema acessório ligado por consequência ao tema principal que é a necessidade de crer naquele que é a ressurreição e a vida. Assim, o tema principal é a capacidade de "crer em Jesus".
- Pontos importantes:
- v.15: Para que (qual o objetivo) Lázaro morreu?
- O verso afirma que era com o objetivo de dar aos discípulos a oportunidade de crer em Jesus.
- v.45: "Muitos".
- Embora a grandiosidade do sinal praticado por Jesus, a ponto de ser referenciado com o milagre do capítulo 9 (cf. v.37), João não relata que "todos creram em Jesus". Ele afirma que "muitos". No entanto, muitos não e todos.
Destaque:
A. Como afirmamos na introdução deste estudo, o evangelho de João destaca um esforço perceptível do apóstolo para evidenciar a identidade e missão de Jesus. Esse esforço é também perceptível nas palavras de Jesus apresentadas no capítulo 11 no verso 25 e 26 quando João narra as palavras de Jesus que diz: "Então Jesus declarou: Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá. E todo o que vive e crê em mim não morrerá eternamente. Você crê nisso?" Nesses versos, João destaca a identidade de Jesus ao fazer referência ao "Eu sou". Ao mesmo tempo destaca também o atributo apresentado por Jesus, neste caso, ressurreição e vida. Do mesmo modo que vai apresentar os benefícios de crer em Jesus, que neste caso, se referem a vida temporal e também a vida eterna. Contudo, tudo isso está relacionado a uma condicionante, destacada no texto na fala: "quem crê em mim". Logo, os versos 25 e 26 do capítulo 11 em resumo, destacam a identidade, os atributos, os benefícios e por fim, a condição, para que eu e você possamos ser beneficiados pela fé em Cristo Jesus.
Aplicação:
A. O capítulo 6 do evangelho de João destaca o momento em que Cristo realiza o sinal ou o milagre da multiplicação dos pães e peixes. Neste episódio Jesus está fazendo referências direta a pessoa de Moisés e aos sinais que ele realizou diante do povo no deserto. Mais do que isso, o relato do capítulo 6 aponta que após Jesus multiplicar os pães e peixes a multidão que estava presente conseguiu reconhecer a Sua identidade contudo, não conseguiu compreender ou entender a finalidade de seu ministério, conforme fica claro no verso 14 do mesmo capítulo. Assim como foi com o povo de Israel naquele tempo, hoje muitas vezes ocorre conosco. Temos dificuldade de reconhecer a identidade de Jesus e a finalidade de Seu ministério. Quando reconhecemos a Sua identidade como filho de Deus não entendemos a finalidade de Seu ministério. Neste caso, o evangelho de João nos convida a dedicar tempo para entender a finalidade do ministério de Cristo bem como também reconhecer Sua identidade. E com isso, obtermos vida por meio de Seu nome.
Pr. Vítor de Oliveira Ribeiro - Sagrada Família - MMN - USeB
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