A hora da glória: a cruz e a ressurreição - Comentário LES
João 18:37
O evangelho de João, com maior ênfase do que os demais, trabalha para levar o leitor a estar consciente de que Jesus veio ao mundo com o objetivo, dentre outros, de revelar a verdade. Essa verdade trata-se da verdade sobre Deus. Seu caráter e vontade. Em resumo, revelar a verdade sobre Deus sendo o Deus conosco, um Deus que toma a natureza humana e vem viver e conviver junto ao ser humano a fim de, oportunizar a este o privilégio de conhecer a Deus da forma mais íntima, próxima e completa jamais experimentada. Isso porque, durante três anos e meio Deus andou, comeu, bebeu, dormiu e interagiu com o ser humano. Logo, a imagem de Deus, outrora distorcida pelo pecado da desobediência de Adão e Eva, através de Jesus foi restaura, o caráter maculado de Deus, outrora maculado pela ruptura do pecado, fora revelado em seu mais nítido aspecto. De forma que, Jesus afirma que aquele que o vê, vê também o Pai. Noutras palavras, todo o amor, carinho, compreensão, auxílio, instrução, correção, submissão, humildade, entrega e verdade revelada por Jesus era, em essência, a mais clara e pura expressão do ser de Deus (cf. Hebreus 1). Agora, pouco antes da cruz, Jesus afirma ter vindo para "dar testemunho da verdade" (João 18:37). Qual verdade Jesus pretendia revelar? Que a maior humilhação para Deus (morte), seria também, Sua maior demonstração de glória (ressurreição).
Objetivo: Mostrar que na cruz Deus apresentou ao mundo a maior espetáculo de vergonha e glória. Pois ali, Deus se humilhou para ser exaltado.
A. O que é a verdade? - A pergunta feita por Pilatos poderia ser melhor interpretada da seguinte forma: Qual verdade? Isso porque Jesus havia dito que veio ao mundo para revelar a verdade.
- Logo, na cruz, qual verdade Jesus revelou?
- Sabendo que Jesus veio revelar a verdade sobre o Deus a quem ninguém jamais viu, na cruz Ele, o Deus desconhecido, foi revelado como o Deus de amor que se humilha perante os homens para ser exaltado e devolver ao ser humano seu lugar junto a Deus.
- João 7:28 apresenta a declaração de Jesus de que Deus é verdadeiro.
- Tal afirmação é o mesmo que dizer que Deus diz ou apresenta a verdade.
- Logo, se Deus apresenta a verdade, alguém, em contra partida, é mentiroso e apresenta a mentira.
- João 8:28 a 47 revela quem, de fato, apresenta a mentira, o inimigo de Deus.
- Com base em Gênesis 3:1 a 5 qual mentira o inimigo apresenta sobre Deus?
- Que Ele não nos ama realmente. Pois se nós amasse não teria nos privado da possibilidade de sermos "como Deus".
- Assim, a verdade apresentada por Jesus na cruz é a de um Deus que nos ama e se entrega para desfazer a mentira, revelando a verdade de Seu amor pelo ser humano.
- A verdade de que Deus se fez homem para oferecer ao ser humano a oportunidade de voltar a ser semelhante a Deus.
- A verdade de que Deus foi a última das consequências para restaurar e restabelecer a relação harmoniosa desfeita pelo engano e desobediência de Adão e Eva.
- A verdade de que sem Deus não há possibilidade de vida e vida em abundância.
- A verdade de que a lei de Deus é o meio pelo qual somos protegidos das ciladas de nosso enganosos coração.
- A verdade de que só Deus pode nos libertar da realidade e condição em que vivemos, como escravos do pecado (desobediência).
B. Eis o Homem - Jesus foi levado perante o governado da Palestina, Pilatos. E, nesta ocasião decisiva o governador tinha nas mãos a oportunidade de mudar a sua própria vida.
- Segundo o relato, Pilatos já estava convencida da inocência de Jesus.
- Agora, precisava se convencer da "divindade" de Jesus.
- Neste momento, vem a pergunta decisiva: Que é a verdade?
- Jesus havia mencionado que toda aquele é da verdade "ouve" a sua voz (v.37).
- A reação de Pilatos revela que ele não fazia parte daqueles que são da verdade. Visto que, no momento em que Jesus teria a oportunidade de explicar o que é a Verdade, ele sai para tentar persuadir o povo (multidão).
- Note, o erro de Pilatos foi tentar "persuadir" o povo, quando, na verdade, era ele que precisava permitir que Jesus o "persuadisse" da Verdade.
- Noutras palavras, ele mesmo (Pilatos) ainda não havia sido convencido da Verdade sobre Jesus. Ao tentar "salvar" Jesus por suas próprias convicções, perdeu a oportunidade de ser "salvo" por Jesus.
- Por fim, após ter Pilatos selado sua decisão e lado no grande conflito, a multidão (o povo presente) fez o mesmo.
- Ao declarar que não tinham rei se não César, a liderança judaica, declara "rendição e submissão" "política e religiosa" ao poder romano.
C. Esta consumado - Uma vez que Pilatos não deu ouvidos as palavras de Jesus concernentes a "Verdade" não temos como afirmar se ele foi ou não convertido. No entanto, João afirma que ele pediu para que fosse escrito sobre a cruz: Jesus Rei dos Judeus. Teria sido uma revelação divina concedida ao governador romano? Não sabemos. O que sabemos é que está inscrição testemunhou sobre aquilo que os lideres judeus desejavam negar.
- Nos versos 28 a 30 do capítulo 19, Jesus declara: "Está consumado".
- A fim de que o leitor compreenda o que esta ocorrendo nesse momento do relato, o apóstolo afirma que: "vendo Jesus que tudo estava consumado e, para que se cumprisse as Escrituras", Jesus declara que tudo estava consumado.
- A pergunta é: o que estava consumado?
- A resposta pode ser encontrada em Mateus 5:17, onde Jesus, no início de Seu ministério afirma que "não veio para revogar a Lei ou os Profetas, mas para cumpri".
- A palavra utilizada em Mateus 5:17 "cumpri" é a palavra grega pléroó. O verbo "pléroó" transmite principalmente a ideia de preencher algo em sua capacidade total ou levar algo à conclusão. No Novo Testamento, é frequentemente usado para descrever o cumprimento de profecias, a conclusão da alegria ou o preenchimento de indivíduos com o Espírito Santo. Também pode se referir ao cumprimento da lei ou dos mandamentos, indicando uma expressão ou realização plena. [...] No mundo greco-romano, o conceito de "plenitude" era significativo em vários contextos, incluindo o comércio, onde um vaso ou medida sendo "cheio" indicava completude e suficiência. No pensamento judaico, o cumprimento da lei e dos profetas era um tema central, com a vinda do Messias vista como o cumprimento final das promessas de Deus. O uso de "pléroó" no Novo Testamento reflete essa compreensão cultural de completude e cumprimento, particularmente em relação ao plano redentor de Deus. (fonte: https://biblehub.com/greek/4137.htm).
- Assim, na cruz Jesus completa a obra prometida em Gênesis 3:15 e iniciada em Mateus 5:17.
D. O túmulo vazio - A despeito de todos os detalhes e aspectos narrados pelos evangelhos sobre o momento em que os discípulos chegam ao sepulcro e o encontram vazio, o ponto mais importante deste relato é o "cumprimento da promessa".
- A partir da confissão feita por Pedro de que Jesus era o "Cristo", em Mateus 16, Marcos 8 e Lucas 9, o próprio Jesus iniciou uma série de declarações relacionadas a ressurreição.
- Por vezes é de muitas formas Jesus predice o ocorreria após sua morte.
- Assim, ao adentrarem o sepulcro e encontrarem o túmulo vazio, a mensagem deixada por Jesus era clara: Eu cumpri promessa!
E. Jesus e Maria - Ao analisar o encontro de Jesus com Madia, junto ao sepulcro devemos levar em consideração o fato "incredulidade".
- Os discípulos, incluindo as mulheres que seguiam Jesus, não creram Nele ao ouvirem sobre Sua promessa de ressurreição. Os motivos da descrença podem ser variados, contudo, uma coisa é certa, eles não acreditaram.
- Assim, mesmo que Jesus houvesse prometido encontrá-los na Galileia, foi necessário se revelar a eles ainda em Jerusalém, a fim de que pudessem crer em Sua promessa.
- A pergunta de Jesus: a quem procuras? Indica que ela está procurando um corpo em decomposição e não o Jesus ressurreto.
Destaque:
A. Embora outros muitos aspectos possam ser analisados em relação a ressurreição de Jesus, o mais importante de todos eles é o fato de que, para cumprir as Escrituras, Jesus cumpriu Sua promessa. Contudo, infelizmente, os discípulos não creram Nele.
Aplicação:
A. Pilatos havia se convencido de que Jesus era "inocente". Mas isso não era o suficiente. Muitos hoje compreendem e aceitam a inocência de Jesus. Mas todos, são chamados a se convencer da divindade de Jesus. Isso porque, quando nos convencemos, por meio da ação do Espírito Santos, da divindade de Jesus, temos que nos entregar e nos submeter a Sua vontade.
Pr. Vítor de Oliveira Ribeiro - Sagrada Família - MMN - USeB
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