Motivação e preparo para a Missão - Comentário - LES
Lucas 24.44
A. Quando analisamos o contexto ou "Pano de Fundo" em que a Grande Comissão foi reapresentada ou ratificada aos apóstolos, nos fixamos nos versos 19 a 20 de Mateus capítulo 28. No entanto, o que vem antes destes versos são, de fato, o que compõem e, por que não dizer, motivam as palavras de Jesus. Isso por que, o contexto anterior, ou seja, do verso 1 ao 18 retratam uma realidade já experimentado por Cristo desde o início de seu ministério terrestre: a incredulidade e descrença por parte do povo em geral quanto a sua identidade, palavra e missão. Essa incredulidade e descrença na identidade, mensagem e missão de Jesus teve como principal motivo o "desconhecimento e descrença na mensagem anunciada pelos Profetas". Noutras palavras, a descrença na Palavra de Deus.
Nota-se, sem muita dificuldade, um grande esforço por parte dos "anjos" e por parte de "Jesus" em convencer os discípulos/apóstolos de que o que estava ocorrendo era, tão somente, o "cumprimento das Escrituras". Base e fundamento da missão de Jesus.
B. Compartilhando as Boas-novas - A maior e mais clara prova de que todos os discípulos de Jesus ainda não haviam crido em suas palavras, nem mesmo nos escritos dos profetas é o fato de terem ido ao túmulo no domingo pela manhã para terminar o que haviam começado no final da sexta-feira.
- As mulheres, ao serem interrogadas pelos anjos, recordaram da "promessa" e, creram, não somente nos anjos, mas em Jesus.
- Ao voltarem, compartilharam com os demais discípulos a necessidade de se "lembrar da promessa de Jesus".
- Logo, a reação deles não foi descrer das mulheres, somente, mas sim, não acreditaram na "promessa de Jesus".
- Fato é que para crer na mensagem precisamos crer no portador dela. Havia muita incerteza quanto a obra de Jesus, por isso a dificuldade de crer em sua ressurreição.
C. Um fundamento profético - O texto bíblico relata dois pontos importantes para nossa compreensão sobre a descrença dos discípulos: medo e alegria. Pessoalmente creio que o que os impedia de crer era, em grande medida, o mesmo motivo que impedia os demais de crer em Jesus: desconhecimento e incredulidade.
- Desconhecimento - das profecias que apontavam para a primeira vinda e;
- Incredulidade - quando ao que Jesus havia dito sobre sua obra e missão.
- Essa foi a razão pela qual Jesus não se limitou a dar aos apóstolos uma "experiência sensorial" sobre a ressurreição. Mas sim, aquilo que eles ainda não tinham, uma "experiência de conhecimento e fé na Palavra de Deus".
D. Espera e missão - A primeira experiência dos discípulos com as promessas de Deus havia sido frustrante. Isso por que, eles não haviam compreendido a necessidade de crer na Palavra de Deus, bem como nas promessas contidas nela. Após ressuscitar, Jesus oferece a seus discípulos uma segunda chance, a oportunidade de crer em sua palavra e esperar em Jerusalém pelo cumprimento da promessa do Espírito Santo.
- Esse segundo momento ou oportunidade revela que "todo" o ministério de Jesus está fundamentado na necessidade de "acreditar em suas promessas" (na Bíblia). Caso contrário não podemos viver o que Ele espera que vivamos e anunciemos.
- O fato de todos os discípulos terem esperado em Jerusalém revela que:
- Não tinham mais dúvida quanto a Missão e Autoridade de Jesus;
- Não tinham mais dúvida quanto a Missão e Autoridade do Espírito Santo e;
- Não tinham mais dúvida quanto a Missão e Fundamento dos Apóstolos.
E. A quem crucificaram - Há uma regra básica que deve ser aplicada a Atos 2.36 - "ninguém pode dar o que não tem, nem mesmo oferecer a outros algo que nunca experimentou". Ao oferecer aos ouvintes a oportunidade de "arrependimento, batismo, perdão dos pecados e o poder do Espírito Santo", Pedro e os demais apóstolos oferecem o que eles mesmos receberam.
- Os apóstolos foram os primeiros a serem beneficiados com aquilo que Deus agora está oferecendo aos demais filhos de Israel. Isso por que, de igual maneira, todos, sem distinção, são culpados do mesmo erro.
F. A igreja primitiva - Atos 6 coloca em relevo uma preocupação da igreja primitiva. Na maioria das vezes pensamos que o "servir as viúvas", seja o centro da preocupação dos apóstolos. Contudo, o que os preocupava era algo muito mais específico para o momento - o ensino da Palavra.
- Á medida que a Palavra de Deus alcançava mais e mais pessoas, como relatado em Atos 2.41, a necessidade de pessoas focadas no "doutrina dos apóstolos" era cada vez maior.
- Sendo assim, era cada vez mais importante que o novo grupo de conversos não fosse deixado sem "acompanhamento".
- E, é exatamente neste ponto que o atendimento dos apóstolos se diferenciava, pois a fim de realizar um discípulado eficaz, a doutrina (ensino), deveria ser aplicado à vida prática.
- A preocupação não era somente de dizer o que fazer, mas sim, de ensinar o "como fazer".
Destaque:
A. Por mais importante e único que deve ter sido a oportunidade de se encontrar com Jesus ressuscitado, tal experiência não teria impacto, realmente profundo, se os discípulos não tivessem compreensão da Palavra de Deus. O fundamento dos Profetas era o que cada um deles precisava para compreender e crer no ministério e obra de Jesus. Isso foi o que capacitou os apóstolos a permanecerem unidos e unanimes em oração enquanto Cristo foi ao céu para "cumprir a promessa" do envio do Espírito Santo.
Aplicação:
A. Não importa se você e eu vimos Jesus após sua ressurreição. Embora isso seja uma experiência única e transformadora. O que na verdade importa é se você e eu temos fé suficiente para crer que Ele ressuscitou. Pois nossa fé não deve estar fundamentada no que vimos, mas sim, no que a Palavra de Deus (Antigo e Novo Testamento), nos revelou. Eis nossa motivação para a missão.
Pr Vítor O Ribeiro - Sagrada Família - MMN - USeB
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