Desculpas para Evitar a Missão - Comentário - LES

 Isaias 6.8

A. Ao falarmos sobre a Missão de Deus em alcançar o mundo, não podemos, nunca, ignorar que esse plano parte do individual para o coletivo. A obra de Deus começa no coração do homem, faz deste o campo de ação de Deus e, mediante aceitação pessoal, Deus inicia a obra de transformação e mudança. Uma vez iniciada a obra, o próprio Deus se utilizará deste ser humano como "portador" da mensagem de transformação e mudança (mensagem de salvação por meio de Cristo). Partindo do individuo Deus alcança outro, que por sua vez, testemunha á outro e, assim por diante. Do individual para o coletivo. Quando consideramos essa dinâmica e metodologia entendemos melhor a narrativa de Jonas, isso por que fica claro que Deus precisava alcançar e ganhar, de modo completo, o coração do profeta (o portador), para depois alcançar o coração de Nínive (o destinatário).

B. Nossas desculpas - Medo - Embora a "grande" cidade de Nínive seja retratada como, de fato ela era, uma cidade má e sanguinária, desprovida de respeito e consideração pelos demais povos. Ainda assim, não vejo que tenha sido o medo que tenha bloqueado a iniciativa do profeta em ir e pregar.

• Isso por que, em seu diálogo com Deus no capítulo 4, o profeta deixa claro o motivo pelo qual não desejava ir: o conhecimento que tinha do caráter de Deus. 
• Jonas sabia quais eram as intenções de Deus ao enviá-lo ate a cidade. 
• Levando em consideração que Deus nunca executa juízo sem antes oferecer um período de graça e a oportunidade de intercessão e arrependimento, Jonas sabia que o destino da cidade poderia mudar. Como de fato ocorreu.
• Logo, o conhecimento de Jonas sobre Deus poderia tê-lo feito pensar: já que deseja salvar, por que me enviar?
• Talvez a resposta seja: o desejo de Deus salvar a todos, Nínive e Jonas.

C. Nossas desculpas - Ideias Falsas - Embora saibamos que a Obra de resgate e reconciliação é uma obra iniciada, empreendida e que, será finalizada por Deus, muitas vezes somos convencidos de que essa obra pertence a nós, seres humanos. 

• Com isso entendemos que se não a fizermos Jesus não irá voltar. 
• Esse modo de pensar coloca sobre nossos ombros peso insuportável de ser carregado e, com isso nos frustramos e desanimamos. Julgamos que só nós estamos nos esforçando e trabalhando e isso nos desanima.
• Nosso papel na obra que Deus esta realizando em favor do mundo não é tomar o lugar de Deus. Mas sim, assumir, conscientemente o nosso lugar - o de testemunhas de Deus.

D. Nossas desculpas - Inconveniência - Sem dúvida alguma, o momento de reflexão e oração no ventre do grande peixe foi um momento decisivo na vida e no ministério de Jonas. Ali, em sua oração, é mencionado que o profeta fez um "voto" a Deus.

• Não sabemos que "voto" foi esse mas o que fica claro é que o profeta sai do peixe decidido a cumpri-lo. 
• É certo que Jonas não tinha a minima intenção de cumprir sua tarefa de modo espontâneo, no entanto ele aceitou a missão. Para isso teve de deixar de lado suas intenções e preferências e agir mesmo diante das "inconveniências". 

E. Nossas desculpas - conflitos desconfortáveis - Embora o texto não dê indicação clara quanto ao sentimento de Jonas pela cidade de Nínive, sabemos que, de algum modo e por algum motivo além da condição pecaminosa do povo, o profeta desejava sua destruição. 

• Na maneira de pensar de Jonas, uma planta deveria ter mais cuidado e atenção de Deus do que o povo de Nínive.
• Isso deixa claro que algo estava errado com a compreensão do profeta em relação ao juízo de Deus.
• A Bíblia não apresenta o juízo divino como uma via de mão única. Pelo contrário, o juízo sempre está preenchido de graça, misericórdia e amor. Por isso, cada anuncio de juízo vem envolto de oportunidade de mudança. E foi isso o que ocorreu. 

F. Eis-me aqui, envia-me a mim - A história de Jonas ratifica, de modo ainda mais profundo, a compreensão de que Deus executa sua Missão/Obra em nós e através de nós.

• Ao nos engajar na Obra precisamos estar cientes de que continuamos a ser o objeto da ação de Deus, bem como o meio pelo qual Ele executará sua Obra em outros.
• Ao aceitar o convite para "ir", isso não significa que a Obra de Deus em nós tenha sido finalizada, se assim fosse Jonas não teria sido tão relutante e desobediente. Pelo contrário, nossa participação na Obra tem o propósito de dar a Deus a oportunidade de terminar em nós e iniciar em outros a Obra de salvação (cf. Filip. 1.6).

Destaque:

A. Sabemos pela História que Jonas viveu parte de seu ministério em meio aos horrores da dominação imposta pelos Assírios sobre o povo de Deus. Ele conhecia a crueldade do povo e a maneira como os próprios israelitas haviam sofrido com isso. Logo, sua relutância e luta em não atender ao chamado de Deus, embora não justificada, é, no mínimo, compreensível. Contudo, devemos pensar, Deus não tinha a sua disposição somente Jonas. Ao mesmo tempo, Deus poderia ter provido outros meios de persuadir os Ninivitas a mudar. Sendo assim, por que Jonas? Principalmente, levando em consideração seu desejo de não ir. 

É fato que a obra que Deus deseja realizar no mundo (em todas as nações, línguas e povos), começa e termina em nós. Isso é, embora seja uma obra global ela inicia no individual, em cada um de nós. Com isso em mente, creio que Deus tenha insistindo em Jonas pois a obra de conversão de Nínive precisa ser iniciada no coração e na mente do portador da mensagem - o profeta. Jonas precisava presenciar aquela experiência.

Aplicação:

A. Ao nos depararmos com a história de Jonas, em especial em seu empreendimento de advertir Nínive sobre a condenação divina, notamos que a maior desculpa de Jonas era também, sua maior razão para realizar a missão: Deus. O profeta sabia do interesse de Deus em salvar e restaurar o seu povo, Israel, mas não compreendia o propósito divino de salvar a todos. Assim, a primeira lição que aprendemos de Jonas é que ele conhecia a Deus, no que diz respeito a seu caráter amoroso para salvar. Mas desconhecia o desejo de Deus de salvar mesmo os rebeldes e desobedientes como ele mesmo. 

Pr Vítor O Ribeiro - Sagrada Família - MMN - USeB