A Missão de Deus nos Alcança (2) - Comentário da LES

Mateus 28.19

A. Apocalipse 14.6 nos revela que Deus possui um "Evangelho Eterno", fundamentado no "precioso sangue de Cristo",  evangelho "conhecido desde a fundação do mundo, porém manifesto no fim dos tempos, por amor a nós" (cf. 1 Pedro 1.19 e 20). Esse evangelho ou "boa nova", compreendido também como "boa notícia", pode, sem dúvida alguma, ser subdividido em subgrupos, onde cada um deles, mantendo a base original - o chamado de Deus ao homem - apresenta, a seu tempo e momento histórico, uma ênfase ou destaque. No Éden, no princípio a mensagem foi: Deus é Criador. Após a desobediência, a mensagem foi que Deus é gracioso e perdoador. Nós dias de Abrão a ênfase foi o desejo de Deus de abençoar todas as famílias da terra. Após o Êxodo, a mensagem foi o chamado divino para apresentar ao mundo sua vontade - os dez Mandamentos. Nos dias de Isaías, a mensagem era do virginal nascimento do Filho de Deus. Nós dias de Herodes, a notícia ou mensagem era de que o Filho nasceu. Já nos dias dos discípulos e do início da igreja cristã a ênfase foi que o Filho morreu, ressuscitou e por meio dele, podemos ser reconciliados e obter paz com Deus (cf. João 20.19 a 23; Romanos 5.1 e 2). E, todas essa verdade obtemos por meio da Palavra de Deus que nos comunica o chamado/missão de Deus.

B. O Deus triúno e sua missão - Se analisarmos com cuidado, deixando de lado pressuposições e preconceitos, notaremos que o Pai, o Filho e o Espírito estão presentes em todo o relato bíblico. Seja em Gênesis, nos Evangelhos ou no Apocalipse, todas as páginas da Bíblia apresentam ambos em uma ação conjunta.

• Esse fato tonar evidente duas verdades:

1. A missão pertence a Deus e;
2. Por isso ela não irá falhar.

C. Fazer discípulos: o foco da missão - Ao ler sobre Mateus 28, notaremos que, como todos os textos registrados na Bíblia, há uma ênfase especial neste capítulo: o esforço humano em desacreditar a ressurreição de Jesus e, por outro lado, o empenho de Cristo em solidificar a fé de seus discípulos de que Ele estava vivo. 

• Esse tema: crer ou não, recebe ainda mais destaque no verso 16 e 17 onde, embora um grande grupo dos discípulos tenham ido para a Galileia, para o monte que Jesus indicou, nem todos creram. Alguns mantiveram-se em "dúvida".
• Logo, o imperativo de fazer discípulos torna-se um imperativo aos que creram. Estes, ao irem, deviam "testemunhar", a fim de que mais pessoas pudessem "crer", na pessoa, no nome, no poder e na autoridade de Jesus.
• Isso porque, a principal característica do discípulo de Cristo é a fé de que Ele, de fato é Jesus, o Cristo que ressuscitou.
• É nesse sentido que a primeira qualidade do discípulo é crer em Jesus como Salvador e viver, de modo prático essa experiência.
• Isso o levará a ser batizado e;
• Instruído "a guardar todos as coisas", que foram ordenadas.
• Só então este estará pronto para ir e compartilhar essa experiência com outros. Oferecendo a mais pessoas a experiência que ele mesmo experimenta.

D. O evangelho eterno: a mensagem da missão - Por vezes, quando somos chamados a estudar a "grande comissão", de Mateus 28.19, recebemos uma convocação: fazer discípulos. Contudo, devemos nos perguntar: Porque?

• Por que somos chamados a fazer discípulos?
• Se sua resposta for: porque Deus precisa de pessoas para terminar a missão. Sua resposta está equivocada.
• Embora somos, igualmente, convocados para orar pedindo mais trabalhadores (cf. Lucas 10), o objetivo da missão não é fazer discípulos para trabalhar na missão, a fim de terminá-la. A missão é de Deus e será ele mesmo quem irá terminá-la.
• O propósito de fazer discípulos está no desejo de Deus em oferecer ao maior número de pessoas a oportunidade de crer que Ele pode "salvar do pecado". Quanto mais pessoas souberem, mais pessoas estarão preparadas para se encontrar e viver com Ele.
• A essência do evangelho eterno é que mesmo se colocando em desobediência, Deus se entregaria para restabelecer o relacionamento rompido. E, é para que mais e mais pessoas possam voltar a se relacionar com Deus eternamente que pregamos, anunciamos, e proclamamos o juízo divino e, consequentemente, a volta de Jesus.  
• O objetivo da missão não gira em torno de fazer discípulos, mas sim em preparar pessoas para se encontrar com Jesus.

E. O povo de Deus: canal da missão - Desde Gênesis 3.15, passando por Gênesis 12.1 a 3, Mateus 28.19 e fechando com Apocalipse 14.6 e 7, vemos que Deus chamou os homens não somente para receber, mas também, para ser um canal de bênção a todos os povos.

• A benção prometida é, em primazia, a oportunidade de ser reconciliado com Deus, mediante a fé na salvação pela graça e, a submissa obediência aos mandamentos divinos.
• Assim:
• a bênção e mensagem é: pela fé, em Cristo, há reconciliação.  
• a condição é: obediência.
• Obediência ao chamado/oportunidade e aos mandamentos divinos (condição para permanecer se relacionando com quem nos chama).

F. O mundo: a arena da missão - Se analisarmos a Grande Comissão divina de uma perspectiva, puramente, humana nos convenceremos que é impossível atender e cumprir o imperativo divino. Isso por uma questão obvia: não temos condição de ir ao mundo inteiro. Então, como pregar o evangelho a todo o mundo?

• Uma boa sugestão seria, primeiro, pensar no que significa evangelho. 
• Evangelho é uma boa notícia. E, notícias só são realmente boas se for algo que eu espero ou desejo. Algo que o outro espere e deseje. 
• Logo, se para mim mesmo a notícia de que Deus deseja se relacionar com os homens for especial, eu vou comunicá-la, vou compartilha-la.
• Desse modo, fica evidente que eu não preciso ir ao mundo inteiro, eu só preciso falar para aquele que esta mais perto de mim. Ele fará o mesmo, com aquele que está mais próximo dele, e assim por diante. É uma corrente.

Destaque:

A. Algumas verdades recebem destaque quando tratamos sobre a Missão divina:

1. A missão de Deus está fundamentada em seu interesse de restaurar o relacionamento com sua criação - ser humano;
2. Para isso Ele se revelou e se fez conhecido;
3. O objetivo de sua revelação é para que o conheçamos e saibamos que ele é santo e, assim devemos ser e;
4. Que a missão divina é o meio, o pano de fundo (a hermenêutica divina), por meio da qual, melhor, compreendemos a historia bíblica.

Aplicação:

A. O foco primário da missão oferecida à nós nunca esteve em batizar somente. O foco está e sempre esteve em oferecer as pessoas, ao maior número possível, a oportunidade de crer que Jesus pode salvar. Se elas tiverem a oportunidade de saber e escolher colocar a vida nas mãos de Jesus, nossa tarefa estará concluída. Convencer, converter e salvar e tarefa exclusiva de Deus. Nós somos testemunhas destas verdades. No entanto, só seremos, de fato, testemunhas, se experimentarmos os benefícios oferecidos pelo continuo e ininterrupto relacionamento com Jesus. 

Pr Vitor Ribeiro - Sagrada Família - MMN - USeB