Sócrates e Pensamento Crítico
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Jacques-Luis Davis 1777-1787 |
No ano de 1787, segunda medade do século XVIII, o artista francês Jacques-Luis Davis terminou a obra que retrata os momentos finais da vida e obra de um dos maiores filósofos gregos: Sócrates.
Na tela, Davis, captura o velho filósofo cercado por seus amigos, em sua grande maioria, jovens gregos. Os mesmos que foram usados como base para as acusações que sentenciaram o grande mestre grego a morte. Isso por quê, segundo a História, Sócrates foi acusado de perverter os jovens de seus dias, ao levá-los e desenvolver o prensamento "crítico", meio pelo qual, segundo Sócrates, era possível se ober a essência do verdadeiro conhecimento.
A partir desta pequena exposição biográfica de Sócrates nossa intenção é levar você, leitor, a questionar os métodos desse grande filósofo e, ao mesmo tempo se perguntar:
1) Se o pensamento crítico é elemento basilar a fim de se obter o conhecimetno, por que hoje, somos condicionados a recerber e aceitar "pensamentos enlatados", bem como conceitos e verdades previamente determinadas por terceiros?
2) Quais os benefícios de pensar fora da "caixinha"?
3) E, qual o custo?
Sócrates foi um grego de origem humilde que revolucionou o pensamento ocidental de tal modo que foi condenado à morte em 399 a.C.
Sócrates (470 – 399 a.C.) foi um filósofo grego que revolucionou o pensamento ocidental. Ao contrário da maioria dos filósofos antigos, que, para se dedicarem ao ócio filosófico, deveriam possuir posses para não precisarem trabalhar, Sócrates era filho de um artesão e de uma parteira, tendo exercido o ofício do pai em sua juventude e ingressado em campanhas militares em guerras.
Dentre essas, a Guerra do Peloponeso, em que Sócrates lutou em destacamento em 431 a.C e em outro por volta de dez anos depois. Soldado corajoso e de grande resistência física, Sócrates obteve benefícios das características da cultura ateniense para os jovens, envolto na prática de esportes e na formação científica e política, o que conferiu ao pensador a sua personalidade questionadora.
Sócrates ficou conhecido por ter iniciado um período da Filosofia Grega Antiga, o Período Socrático ou Antropológico, que teria surgido como uma nova saída em relação aos estudos dos filósofos anteriores (classificados como pré-socráticos). A filosofia passaria, a partir de então, a abordar questões essencialmente humanas, ou questões advindas das relações humanas e do convívio em sociedade, como a justiça, o bem, a moral e a verdade.
Contam os seus biógrafos que, certa vez, ainda em sua juventude, Sócrates visitou o Templo de Apolo, na cidade de Atenas, onde ficou marcado pelas inscrições entalhadas no pórtico do templo: “conhece-te a ti mesmo”. Essa máxima do autoconhecimento tocou o filósofo, fazendo-o perceber que qualquer conhecimento posterior do mundo requiriria, antes, um conhecimento de si mesmo.
Sócrates afirmava a sua ignorância, dizendo a frase que, segundo ele mesmo, definia-o: “Só sei que nada sei.” Esse reconhecimento de sua ignorância foi uma marca fundamental para estabelecer o seu caráter questionador de sábio, pois o reconhecimento da ignorância leva à busca pelo saber, ao passo que a soberba intelectual leva à estagnação.
Na mesma ocasião de visita ao templo, o jovem pensador consultou o Oráculo de Delfos, que o qualificou como o mais sábio dos homens da Grécia. Isso foi tomado por Sócrates como uma missão – levar a sua sabedoria consigo e adiante.
Sócrates passou a vagar pelas ruas de Atenas conversando com as pessoas, questionando-as e ensinando-as, por meio da prática, o seu método. Hoje, não temos escritos deixados diretamente por Sócrates. O que é conhecido do filósofo são relatos de seus discípulos, principalmente Platão e também Xenofonte.
Também existem relatos de seus detratores, como Aristófanes, um comediógrafo grego que satirizou a imagem de Sócrates em várias de suas peças. Para se moldar à personalidade de Sócrates e reconstruir a sua filosofia, é necessário, então, estabelecer um diálogo intelectual com aqueles que escreveram sobre ele.
Método socrático
Sócrates dizia-se um “parteiro de ideias”. Assim como sua mãe, que trazia bebês ao mundo, Sócrates trazia ideias, mas não dele mesmo, mas, sim, das outras pessoas, que ao conversarem com ele, passavam pelo seu método. Sua missão era, sobretudo, a missão do diálogo, que levava as pessoas à “evidência da própria ignorância: situação que, não sendo ultrapassada, prenderia a alma num estéril engano”.
O método socrático de trazer as ideias das pessoas consistia em dois passos:
Maiêutica – uma ferramenta retórica/argumentativa que consistia em sucessivas perguntas sobre a essência de algo, sobre o que é algo.
Ironia – a resposta, em tom irônico, dada ao interlocutor servia para desconsertá-lo e mostrá-lo que o conhecimento que ele julgava ter estava, na verdade, incorreto.
O método socrático conferiu ao filósofo o êxito de sua missão: levar a sua sabedoria ao povo ateniense. Ele foi um dos primeiros a tornar a questão pela essência das coisas assunto filosófico e, lutando contra o relativismo sofístico, falou da necessidade de se defrontar, não com as opiniões, mas com a verdade (1).
A análise do método de Sócrates leva-nos a pensar que há muito em comum com o pensamento Bíblico, em especial com o conceito de "verdade" e, sua busca, dentro dos circulos judaico-cristão do primeiro século da era cristã.
Em se tratando do conceito de "verdade", bem como da busca da essência da mesma Jesus ensinou e, ao mesmo tempo, convidou a questionar a nós mesmos e, reavaliarmos nossa própria ignorância. Ação que remete o indivíduo a compreender melhor quem ele é e, reconhecer que, nunca estará tão certo sobre um determinado ponto que não possa ser apresentado a uma nova e mais completa verdade, principalmente, em se tratando do tema de Deus e da salvação humana.
Contudo, críticar nossos pressupostos, reavaliar o quanto conhecemos sobre nós mesmos e, investirmos tempo e esforços na busca por compreender a essência daquilo que defendemos como verdade, não é uma tarefa fácil, nem tão pouco desprovida de desafios.
Isso porque as pessoas, em geral, estão acostumadas a aceitar aquilo que lhe são passadas por suas famílias, tradições e religião, como sendo verdades absolutas. Para muitos é mais fácil aceitar o que outros apresentam como verdade do que investigar e análisar, por si só, a veracidade dos fatos de modo a concluir se de fato está certa ou errado.
O confronto com o questionamento nunca é algo fácil. Isso porque leva o indivíduo diante de uma dura tarefa: atestar que esta certo ou, reconhecer que precisa mudar de ideia, opinião e, muitas vezes de conduta. E, isso, certamente não é uma atitude desejável pela grande maioria.
Sendo assim, muitos tem hoje sofritdo por expressarem o desejo de levarem outras pessoas a pensar, críticar e analisar suas verdades, pressupostos e bases, seja no contexto da política, da econômia, da sociedade, educação ou, mesmo da religião.
No entanto, ficam as perguntas:
1) Se o pensamento crítico é elemento basilar a fim de se obter o conhecimetno, por que hoje, somos condicionados a recerber e aceitar "pensamentos enlatados", bem como conceitos e verdades previamente determinadas por terceiros?
2) Quais os beneficíos de pensarmos fora da "caixinha"?
3) E, qual o custo?
Pense nisso.
Referência:
1 - https://m.mundoeducacao.uol.com.br/filosofia/socrates.htm
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