Aliança no Sinai - Comentário da LES
Êxodo 19:4-6
O capítulo 3, do livro de Êxodo, apresenta não somente o processo de revelação divina mas também, o objetivo divino com a libertação. Deus objetivou libertá-los e levá-los ate o monte de Deus para que pudessem servir e sacrificar (cf. 4:12 e 18). Dos capítulos 15 a 18 são apresentados os primeiros passos da jornada ate a terra prometida. No entanto, entre o Egito e Canaã, havia o Sinai. Um estágio ou etapa indispensável no processo de libertação e formação da nação israelita. Pois é no Sinai que Deus revelará seu propósito mais amplo para o nação. O desejo divino não era somente constituir uma nação livre, que conhecessem a Deus e o adorassem, mas também, se utilizar, desta, para servir como mediadores entre as demais nações da terra e Deus. Assim como, dentre todos os israelitas, Deus escolheu a tribo dos levitas. E, dentre os levitas, Deus escolheu a família de Arão, e dentre os da família de Arão, Deus escolheu Arão e seus filhos. O mesmo o Senhor tencionou fazer com a nação de Israel. Esta seria, caso aceitassem participar da Aliança divina, "propriedade peculiar dentre todos os povos". Servindo ao Senhor e ao restante do mundo como "um reino santificado (separado/escolhido) para servirem como sacerdotes". Mediadores entre o mundo e Deus. Nisto consiste as palavras divinas: "os trouxe para perto de Mim". Assim como, o sacerdote é aquele que se aproxima de Deus para interceder pelo povo, Israel foi trazida para perto de Deus a fim de servir como intercessores entre o Senhor e o mundo. Antes porém, o povo deveria estar disposto a participar da Aliança oferecida por Deus. Esta aliança conteria termos que estabeleceria a relação entre Deus e seu povo. Termos ou "palavras" que revelam e materializam a "vontade de Deus" (ou os Mandamentos divinos).
Objetivo: Destacar que o ofício e privilégio sacerdotal está condicionado a ouvir e guardar (obedecer), a vontade divina.
A. No monte Sinai - Depois de dois meses de viagem, os israelitas chegam ao monte Sinai. O local onde Deus havia se apresentado á Moisés e onde havia mencionado que seu povo o adoraria, após a libertação.
- Agora libertos, havia chegado o momento mais importante para o povo.
- Ao pé do monte, Deus havia reunido uma nação, a qual haveria de oferecer a oportunidade de tomar parte em uma Aliança (compromisso) com Deus.
- Uma vez aceito o compromisso com Deus, o Senhor, apresentou ao povo, os "termos" deste compromisso:
- A Lei - os Dez Mandamentos - um resumo de sua vontade.
- Durante cerca de um ano (Êxodo 19:1 a Números 10:12) o Senhor apresentou, não somente, as leis morais (o decálogo), mas também, inúmeras outras leis que regeriam as relações sociais, civis, comerciais, matrimoniais, etc.
- Com destaque especial as estipulações da prática sacerdotal (presentes no livro de Levíticos).
- Livro responsável por oferecer ao povo as instruções ligadas as praticas levíticas/sacerdotais. Relacionadas a forma como o povo serviria á Deus e ao mundo como sacerdotes.
- Intercedendo e conectando pessoas a Deus e;
- Ensinando a elas, a vontade de divina.
- Fazendo do livro de Levíticos não somente um "manual de instrução para os Levitas", mas sim um manual de instrução para todo o povo.
B. Preparando-se para a entrega da lei - Assim como ocorreu ao longo de todo o processo de libertação, no Sinai, antes de celebrar a Aliança com a entrega das "Dez Palavras" (Dez Mandamentos), Deus apresentou ao povo "instruções" especificas ligadas a pureza e santidade (v.10).
- O povo precisava compreender que participar da Aliança divina requer santidade e pureza. Dois elementos que serão melhor revelados no livro de Levíticos.
- Eles estavam prestes a presenciar a mais intensa e clara manifestação divina vista ate aquele momento. Para isso deveriam estar preparados.
- Uma vez preparados, Deus pronunciou, do cimo do monte as "dez Palavras" da Aliança.
- Estas, recebem o nome de "Testemunho", pois testifica sobre as condições da aliança frente a resposta do povo em participar deste compromisso.
C. A entrega do Decálogo - De modo correto, as Dez Palavras pronunciadas por Deus no Sinai, não tiveram a pretensão de iniciar com as estipulações ou termos da Aliança. Pelo contrário, a primeira declaração divina faz referência para quem Deus é e, ao que ele já havia feito m favor do povo.
- Noutras palavras, a primeira declaração divina coloca em relevo a:
- A graça - a base da salvação oferecida por Deus;
- A salvação - resultando da fé no sangue do Cordeiro;
- O amor - reflexo da confiança em Deus e;
- A gratidão - que leva á Obediência.
- Todo este conjunto, declarado em Êxodo 20:1-2, não somente é a introdução dos termos da Aliança, mas também, as bases que a sustenta.
- Devemos nos atentar para a forma como o Decálogo foi elaborado.
- O intuito é evidenciar o "amor" e explicar como esse amor deve ser manifesto na relação do homem para com Deus, bem como, na relação do homem com seu semelhante.
- Logo, o Decálogo, apresenta termos e condições que regerão as relações no âmbito horizontal (com Deus), e vertical (com o próprio homem).
- Devemos, ao mesmo tempo considerar que, o Decálogo, uma vez tendo sua fundação e base expressa no amor, não nos limita a praticá-lo no modo como o ser humano compreende o amor.
- Em nossas relações humanas consideramos que a expressão do amor, se restringe a declarar que amamos.
- Na perspectiva divina, por sua vez, a expressão do amor se materializa por meio da obediência á vontade de Deus.
- É nesse sentido que Jesus declara que aquele que ama a Deus, guarda os mandamentos (cf. João 14:15 e 1 João 4:20 e 21).
D. Diferentes funções da Lei de Deus - Quando falamos das funções da lei devemos , a priori, destacar que a função da lei não é salvar. Caso, o objetivo do Decálogo fosse oferecer salvação e livramento, Deus os teria entregue ao povo de Israel, enquanto este estava ainda no Egito.
- Uma vez que a função do Decálogo não é salvar, cabe observar, com base na Bíblia o momento em que ele foi entregue e com qual finalidade.
- O decálogo ou lei de Deus foi entregue ao povo, estando este já em liberdade.
- Isso nos leva a crer que, se não foi utilizado para salvar o povo, seria, agora, utilizado para:
- Estabelecer a Aliança entre Deus e o povo e;
- Manter a Aliança entre Deus e o povo.
- Ao mesmo tempo, o decálogo ou lei, seriam utilizados como um "meio" que leva, aquele que escolher participar da Aliança divina, a compreender que a salvação só pode ser obtida por meio de Cristo Jesus, o Cordeiro de Deus.
- Noutras palavras, a lei revela nossa condição pecadora e, aponta para aquele que é o único que pode nos libertar desta condição: Jesus.
- Dois pontos, no entanto, precisam ser destacados:
- Não somos salvos pela lei, mas fomos salvos para a lei.
- Isso implica dizer que a lei não nos salvou, mas fomos salvos para vivê-la, no sentido de praticá-la por gratidão á Deus.
- Com isso, fica claro que não somos salvos pelas "obras" praticadas com base na lei, mas sim, pela fé nas obras de Cristo, que atendem, com perfeição, as exigências da lei.
- Não há liberdade sem lei.
- Uma vez que, pela lei vem o conhecimento do pecado, devemos considerar que sem o conhecimento e a, correta, observância da lei, não poderá haver a manutenção da liberdade.
- Israel não recebeu a liberdade para viver sem a lei, pelo contrário, recebeu, pela graça, a liberdade para viver de acordo com os termos da Aliança/lei de Deus.
E. A lei como promessa de Deus para nós - Analisar o decálogo como uma promessa divina não é atribuir a ele o que a bíblia não diz. Pelo contrário, o texto bíblico apresenta diversas promessas feitas á aqueles que desejam participar da Aliança divina.
- Dentre os textos que apresentam as promessas da Aliança podemos destacar Deuteronômio 28.
- Dos versos 1 a 15 são apresentadas as promessas (bênçãos) para a obediência aos termos da Aliança.
- Já dos versos 16 a 68, são apresentados as consequências para a desobediência aos termos da Aliança.
- Assim, fica evidente que o Senhor reserva bênçãos e promessas aqueles que se comprometem a obedecer os termos da Aliança.
- Por fim, no tocante a validade e permanência da lei de Deus, o próprio Senhor ratificou sua permanência ao não apresentar, em nenhuma parte do cânon bíblico, uma única declaração afirmando sua limitação temporal ou cancelamento.
- O apóstolo Paulo, muitas vezes apontado como aquele que argumenta sobre a limitação ou invalidação da lei, declara que a lei, o decálogo, ou ainda, as Palavras de Deus, é santa, justa, boa, espiritual e prazerosa (cf. Romanos 7:12-14 e 22).
- Se o próprio apóstolo afirma que a lei é santa, justa e boa, por que ela seria abolida?
Destaque:
A. Êxodo 19:5, traça uma clara distinção entre o que "é" e o que "pode vir a ser". Ao mencionar seus objetivos a Israel, o Senhor deixou claro o que é: "toda a terra é minha". A declaração divina não abre margens para dúvida ou questionamentos. A terra é do Senhor. No entanto, por outro lado, embora a nação israelita, também pertença a Deus, esta só seria "propriedade peculiar dentro todos os povos", caso escolhessem/aceitassem as condições da Aliança. Aliança baseada na obediência humana.
Aplicação:
A. Na Bíblia, o sacerdote é responsável, entre outras coisas, a comparecer diante de Deus a fim de interceder entre o povo e Deus. Ao mesmo tempo, que recebe a responsabilidade de comunicar, junto ao povo, a vontade de Deus. Logo, orar (interceder) e ensinar (comunicar a vontade de Deus), são duas das atividades, funções ou responsabilidades dos sacerdotes. Israel recebeu o privilégio de ser convidado a servir a Deus e ao mundo. Privilégio estendido a nos também.
Pr. Vítor de Oliveira Ribeiro - Jaíba - MMN - USeB
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