Ensinando discípulos - parte 2 - Comentário LES
Marcos 10:45
A. Se, por alguma razão, resta alguma dúvida em relação a identidade e obra (missão) de Jesus, Marcos 10 servirá como um importante meio de revelar tais assuntos. Ao mesmo tempo que ajuda o leitor a compreender que, embora Jesus estivesse ensinando claramente o propósito de Sua obra, os discípulos continuam com sua atenção em assuntos humanos. Isso revela que nunca foi tão simples ou fácil compreender e aceitar o real significado e custo do discipulado oferecido por Cristo. Assim como ocorreu com os discípulos de Jesus, ocorre, também hoje, com os discípulos modernos.
B. O divórcio - O capítulo 10 de Marcos inicia com a mesma ênfase já destaca no cap. 2:23 a 28 e, cap. 7:1 a 23, o contraste entre a "maneira que Jesus ensina" e a forma como os escribas e fariseus ensinam a Palavra de Deus.
- Nesse contexto (cap.10), o tema abordado e colocado em discussão é a legitimidade da Carta de Divórcio e o repúdio. Assim como, nos episódios anteriores em que Jesus foi colocado "a prova", mais uma vez os fariseus buscam um meio de testar Jesus.
- E, o ponto sensível estava além do divórcio em si mesmo. Isso porque ao tratar deste assunto em território Judeu (cf. 10:1), Jesus enfrentaria a mesma oposição enfrentada por João Batista (Marcos 6:17 a 19). Isso porque Herodes Antipas havia se casado com a mulher de seu irmão Felipe.
- Além disso, nos dias de Jesus havia duas linhas de interpretação da Lei de Moisés (Deuteronômio 24), a escola de Hillel e Shammai. Ambas aceitavam o divórcio mas com diferentes modos de aplicação.
- A fim de não pender para nenhum dos dois lados, nem mesmo ser pego pela armadilha de ser acusado de ir contra a relação de Herodes com sua cunhada, Jesus, sabiamente, se apoio no que Deus, desde o princípio, estabeleceu.
- O que "uniu Deus, não separe o homem".
C. Jesus e as crianças - As crianças ocupavam uma posição social inferior, semelhante à dos escravos (Gl 4:1, 2). No mundo greco-romano, crianças com deficiências físicas ou que fossem indesejadas eram expostas, ou jogadas em um rio. Os meninos eram maus valorizados que as meninas; às vezes, meninas eram deixadas para morrer na natureza. Algumas vezes bebês abandonados eram "resgatados" para serem criados e vendidos como escravos. (LES).
- Por essa razão, muitos desconsideravam a importância delas e Jesus, mais uma vez, reorganiza as prioridades e a escala de importância ao afirmar que "delas" (das crianças), também é o Reino de Deus.
- Ao mesmo tempo, enfatiza que, todos, devem receber o Reino como as crianças o fazem, com simplicidade e sinceridade.
- Deixando claro que, o Reino de Deus não se adquire com base no que fazemos ou no quanto possuímos. Em contraste com o relato do jovem rico.
D. O melhor investimento - Os versos 13 a 30 de Marcos 10 estão conectados por princípios que falam sobre o "acesso ao Reino de Deus".
- Versos 13 a 16, a narrativa trata sobre a necessidade de recebermos o Reino de Deus como fazem as crianças que foram abençoados por Jesus.
- Versos 17 a 21, o jovem rico que deseja "herdar a vida eterna", noutras palavras, deseja ter "acesso ao Reino de Deus", afirma que desde "criança" foi ensinado a praticar os princípios da Lei de Deus.
- Versos 23 a 30, é apresentado um contraste entre o jovem e os discípulos.
- Enquanto o jovem deixa a Jesus por não desejar deixar as riquezas.
- Os discípulos deixaram tudo (bens materiais e riquezas), para estar com Jesus.
- No entanto, dois pontos são apresentado por Jesus:
- A vida eterna (v.17) e a salvação (26) não depende da riqueza nem mesmo do ato de deixar tudo para seguir a Jesus. Ambas as coisas depende "unicamente da grada (poder) de Deus". Assim como uma criança (v.15) não pode fazer nada para ter acesso ao Reino mas o recebe, unicamente, pelo poder de Deus.
- O deixar tudo e seguir a Jesus não deve ser motivado pelo "simples" desejo da vida eterna ou da salvação, mas sim, motivado pelo amor a Jesus e ao evangelho (v.29).
E. O pedido de Tiago e João - Nos capítulos anteriores de Marcos, fica evidente que enquanto Jesus se esforçava para ajudar seus discípulos a enxergarem "claramente" Sua identidade e missão, bem como o custo efetivo do discipulado, eles (os discípulos), se mantinham com o foco em assuntos humanos e terrenos. O pedido dos filhos de Zebedeu demonstra isso.
- O pedido de ambos embora se refira ao desejo de estarem com Cristo na glória (vida eterna), também traduz o desejo dos irmãos de receberem destaque e honra como ocorre com governadores humanos.
- Certamente, como de fato ocorreu, estavam, ambos, dispostos a entregar a vida por Jesus. Contudo, o episódio do Getsêmani e da ressurreição, revela que o cálice e o batismo de Jesus seriam algo pelo que eles passariam. No entanto, assentar-se com Cristo na glória não estava sob a responsabilidade de Jesus conceder, mas sim ao Pai.
- Jesus usou essa oportunidade para, mais uma vez, deixar "claro" a natureza de Seu ministério. Destacando que o veio para "servir" e não ser servido.
F. O cego Bartimeu - Marcos 10 termina com uma ênfase clara em relação ao desejo de Cristo em contraste com o desejo dos discípulos.
- Claramente, o pedido do filho de Timeu, está em franca oposição ao pedido dos filhos de Zebedeu.
- Enquanto Bartimeu busca ver claramente.
- Os discípulos mantém os olhos "fechados" para o que Jesus apresenta claramente.
- Enquanto Bartimeu, prontamente crê e segue Jesus pelo caminho à Jerusalém.
- Os discípulos revelam dificuldade de crer e seguir Jesus ate Jerusalém.
- Enquanto Bartimeu recebe o que pediu, por estar relacionado com a obra de Jesus.
- Os filhos de Zebedeu, não receberam o que desejavam, pois não estava relacionado com o obra de Jesus.
Destaque:
A. Após o encontro com o jovem rico e em meio ao diálogo com os discípulos Jesus deixa claro, mais uma vez, os benefícios e os custos do discipulado. O verso 30 aponta que nesta vida já seremos alcançados pelas bençãos de estar na presença de Jesus e, na vida por vir, muito mais do que já recebermos aqui. Contudo, juntamente com tais bençãos, seremos, também, alvos de "perseguição". Isso ilustra que, infelizmente, ambas as coisas alcançarão os fiéis, a benção de estar seguros em Cristo, mas também, a provação, por estar ao Seu lado.
Aplicação:
A. A maneira como Jesus respondeu aos líderes fariseus sobre o tema do divórcio, não se apoiando sobre a tradição e interpretação farisaica, nem mesmo sobre a orientação apresentada por Moisés, mas sim, se apoiando no "Assim diz o Senhor", descrito em Gênesis. Revelando que acima de toda a forma de compreensão e interpretação humana, devemos recorrer sempre ao que Deus estabeleceu no "princípio". Devemos ficar com o que Deus estabeleceu e não com o que os homens compreendem daquilo que Deus determinou.
Pr. Vítor de Oliveira Ribeiro - Sagrada Família - MMN - USeB
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