Missão em favor dos não alcançados (1) - Comentário LES

 Atos 17.24

A. Atos 17, sem dúvida, retrata um dos temas mais presente na história da igreja primitiva - a necessidade de apresentar a mensagem de Cristo a dois grupos culturais distintos: judeus e gentios. Por um lado, havia a resistência judaica em aceitar Jesus como o Messias. Embora alguns compreenderam e, pelo exame das Escrituras, creram. Do outro lado, havia os também seletivos e sofisticados gregos, que a tudo examinavam a luz da mitologia e da filosofia. O que ambos os grupos tem em comum: ambos desconhecem o Deus apresentado pelos cristãos. 

B. Um hebreu em Atenas - Tecnicamente o que levou Paulo a Atenas não foi somente a oportunidade, mas sim a animosidade dos judeus. 

• Embora, ao apresentar a mensagem de Cristo nas sinagogas judaicas, muitos judeus tenham aceito Jesus. Parte deles, a parte mais indisposta a aceitar, causaram tumultos que levaram o apostolo a deixar a região e se dirigir para Atenas.
• Neste contexto Paulo teve de modificar sua abordagem ao se aproximar dos atenienses, visto que não poderia apresentar-lhes Jesus da mesma foram como havia feito com os judeus.

C. Paulo no Areópago - O Areópago ateniense era o local onde eram atendidas as questões legais e religiosas do povo ateniense. Neste local, onde questões jurídicas eram apresentadas e discutidas, á Paulo foi dado a oportunidade de apresentar Deus.

• Levando em consideração ser um local importante e cercado por pessoas da alta sociedade ateniense, Paulo aproveitou para falar de um Deus de amor, mas que por fim, aplicará seu juízo por meio de Cristo Jesus.

D. O Deus desconhecido - Ao apresentar Deus , Paulo não ousou desconsiderar ou menosprezar a religiosidade ateniense. Pelo contrário, os elogiou por sua religiosidade e fé.

• Contudo, deixou claro que estavam adorando de modo equivocado. 
• Isso porque, no desejo de adorar, adoravam todas as divindades, sem contudo adorar o verdadeiro Deus.
• Na verdade, os evangelhos narram um encontro de Jesus com Gregos que desejavam conhecê-lo. A Bíblia não os identifica, contudo, é possível crer que muitos outros gregos já tivessem tido contato com Jesus durante seu ministério.
• No entanto, saber que Deus existe não é o suficiente, é necessário saber também, como ele deseja ser adorado. 

E. O novo Deus - Para os ateniense Paulo não somente apresentou um novo Deus, no sentido de que o povo já tinha contato com vários. Mas também, apresentou a eles Aquele que alega ser o "único Deus".

• Pensando nisso o apóstolo começa enfatizando que esse Deus não foi gerado, pelo contrário, Ele mesmo é a origem de tudo e fez todas as coisas.
• E, ao contrário do que pensavam, esse Deus não somente criou a humanidade, como também, se interessa por ela e deseja salvá-lo do pecado.

F. Cruzando uma linha - O método usado por Paulo, a fim de introduzir a mensagem para os ateniense chama atenção, pois ele se valeu de elemento comuns e bem conhecidos da cultura de Atenas. Paulo era um homem culto e, conhecia a cultura de Atenas, bem como seus filósofos e poetas. Por isso, os citou.

• Para muitos essa aproximação entre a religião cristã e a cultura não cristã pode parecer um grave perigo. Contudo, quando de modo sábio e equilibrado, usamos os pontos em comum das religiões e culturas para revelar o que as pessoas ainda não sabem, a compreensão da mensagem do evangelho se torna mais facilmente compreendida. 

Destaque:

A. Em grande medida Atos 17 e João 4 estão em paralelo. Isso porque, em ambos os casos a mensagem de um Deus desconhecido está sendo apresentada a um povo que deseja e precisa conhecê-lo mas não consegue por estarem presos em suas próprias ideias, conceitos, cultura e a particular forma de religião. Em Atos Paulo fala a um povo apegado na tradição mitológica e que confia na sabedoria de seus filósofos. Em João Jesus fala a um povo apegado em sua tradições destorcida da Torá e que confia em seus profetas e em seu templo particular. Em ambos os casos, embora contrário ao desejo da época, os dois grupos precisam aceitar que a salvação vinha dos judeus, como portadores da mensagem de salvação e, que precisam conhecer melhor o Deus a quem buscavam servir sem conhecer. 

Aplicação:

A. Imagine que você deseja cortar o cabelo e para isso vá ate um cabelereiro. Você chega, se senta na cadeira para iniciar o corte e, antes mesmo de lhe fazer uma única pergunta o cabelereiro comece a executar o corte. Você aceitaria? Dificilmente. Normalmente, ao irmos a um cabelereiro, antes de iniciar o corte o mesmo nos pergunta de que forma desejamos que seja o corte. Isso com o objetivo de que fique como o cliente deseja. Servir envolve conhecer a pessoa a quem desejamos servir, envolve conhecer sua vontade e como pode ser atendido. Com Deus não é diferente. Não podemos dizer que servimos a Deus se não empreendemos tempo para conhecê-lo. Essa é a razão de haver tantas denominações diferente, pois cada uma delas está tentando adorar a Deus com base no pouco que conhecem dele. Desta forma o adoramos não do modo que Ele deseja, mas sim do modo como nós desejamos adorá-lo.

Pr Vítor de Oliveira Ribeiro - Sagrada Família - MMN - USeB