Atos 17 - Filosofia e Cristianismo

Alan Gracioto Alexandre
alangracioto@outlook.com

No capítulo 17 do livro de Atos encontramos um dos discursos mais poderosos de toda a Bíblia. Nesse episódio enquanto o apóstolo Paulo pregava em Atenas, encontrou oposição de alguns filósofos epicureus e estoicos, porque pregava a Jesus e a ressurreição (v. 18). Não quero por meio desse breve texto discutir aspectos como a idolatria e o grande número de objetos religiosos existentes na cidade. Meu foco aqui é o motivo da contestação. 

A primeira pergunta a ser feita é: quem são os epicureus e quais são suas ideias? A filosofia epicurista aponta que o homem deve buscar a felicidade em meio ao sofrimento e contentar-se apenas com o necessário para sua subsistência. Os desejos como honra e riqueza são fúteis, pois torna o homem inquieto enquanto poderia estar satisfeito. Epicuro (341-270 a. C.), o idealizador dessa ideia tinha uma intranquilidade que muito o assolava, o medo da morte. Para ele a religião estimulava a crença de que os mortos eram infelizes, e por essa razão buscou uma metafisica na qual os deuses não interferiam na vida e nem se relacionavam com os seres humanos. Após a morte a alma perece junto com o corpo, em outras palavras, deixamos de existir. Sabendo disso concluímos que o problema encontrado pelos epicureus no discurso de Paulo se refere a ressurreição, visto que para eles isso era algo impossível.

E quanto aos estoicos? O estoicismo foi uma filosofia fundada por Zenão (335-264 a. C.) que após unir-se com elementos platônicos difundia a ideia do afastamento ao materialismo. A virtude estava acima de qualquer coisa. Ao contrário dos epicureus, os estoicos acreditavam num Legislador que era também uma Providência benevolente. Esse poder supremo não está desvinculado do mundo, pelo contrário, é a alma do mundo, ou seja, tudo o que existe faz parte dele. O sentido da vida está em encontrar-se em harmonia com esse Legislador. Além desses aspectos o estoicismo coloca que o homem deve livrar-se de todas as paixões, sendo elas extremamente maléficas. Sabendo disso a dúvida que surge é: mas por qual motivo eles confrontaram o apóstolo e seus ensinos?

É importante ressaltar que amar o próximo como a si mesmo não era conveniente para os estoicos. O problema aqui não está na ressurreição dos mortos, mas na pessoa de Jesus Cristo e Seu amor, onde entregou Sua própria vida pela humanidade. A cruz é uma ofensa, pois confronta as pessoas e requer uma mudança de vida: o ser nova criatura (2 coríntios 5:17). A Bíblia diz que alguns dos que ouviram Paulo zombaram dele, outros porém se agregaram a ele e creram (v. 32 a 34)

Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus; pois está escrito: Ele apanha os sábios na sua própria astúcia (1 Coríntios 3:19).

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