Controvérsias (identidade e autoridade de Jesus) - Comentário LES
Marcos 2:27 e 28
A. A leitura cuidadosa do evangelho de João Marcos expõem ao leitor um atributo do jovem Jesus de Nazaré que chamou por demais a atenção daqueles que o acompanharam desde as declarações de João Batista em Marcos 1:7 e 8. Na ocasião João destaca que Aquele que vem depois dele batizará com o Espírito Santo, destacando, entre outras coisas a "Autoridade" de Jesus. Deste momento em diante, fica nítido que a obra/ministério de Jesus não será exercido por autoridade humana, mas sim, pelo poder e autoridade do Espírito Santo. Tal autoridade (do Espírito agindo por meio de Jesus), a princípio, causará impactos perceptíveis sobre dois grupos: Primeiro sobre os lideres das sinagogas (Marcos 1:22); sobre os escribas (Marcos 2:6 e 7; 3:22) e por fim, sobre os fariseus e herodianos (Marcos 3:6). Segundo, sobre Satanás e seus anjos (demônios/anjos caídos/agentes de Satanás) conforme vemos em Marcos 1:13; 23 a 26; 34; 39; 3:11 e 12; 15; 22 e 30. A presença e ação de Jesus Cristo, o ungido com o poder do Espírito Santo, forçosamente revela, de fato, quem está sob a direção de Deus e, por consequente, expõem, aqueles que estão destituídos do poder e da guia do Espírito de Deus.
B. A cura do paralítico - O profeta Miqueias no capítulo 6:6 a 8 destaca de modo simples o que deseja Deus de cada um de nós, "que andemos humildemente na presença de Deus". Essa humildade envolve reconhecer a presença e ação divina e, não resistir ao seu poder.
- Infelizmente essa foi, exatamente, atitude dos escribas, ignorar a presença e resistir ao poder de Deus manifesto por meio de Jesus.
- A declaração de Jesus de que tinha autoridade para curar e perdoar pecados embora no início pudesse escandalizar os escribas, por fim, deveria tê-los levado a considerar quem era Jesus e, que poder estava agindo por meio Dele.
- Ao contrário disso, preferiram não se humilhar diante de Deus e resistir o seu poder.
C. O chamado de Levi e o jejum - O chamado de Levi Mateus é apresentado de modo ainda mais forte do que o dos demais discípulos e, isso porque Levi era um funcionário público a serviço do império romano.
- Sobre esse chamado pesa dois aspectos importantes: Primeiro, o de Levi aceitar o chamado de Jesus e rejeitar o serviço oferecido pelos romanos. Refletindo a mudança de autoridade. E, segundo o fato de ser Levi contado como um pecador declarado.
- Já sobre o jejum, na verdade o tema aqui não gira em torno da abstenção alimentar, mas sim sobre o rito em si mesmo.
- Jesus respondeu com uma ilustração ou parábola na qual compara Sua presença a uma festa de casamento. Um casamento seria estranho se os convidados jejuassem. Jesus, no entanto, predisse um dia em que o noivo seria tirado – uma referência à cruz. Então haveria bastante tempo para jejuar. (LES).
D. Senhor do sábado - O relato de Marcos 2:23 e 24, bem como o complemento no capítulo 3:1 a 6, revela claramente que Jesus, ao iniciar seu ministério adentrou, de forma inigualável, o território daqueles que detinham a autoridade e domínio no que diz respeito a instrução da Lei e as regras práticas da religião judaica.
- Escribas e fariseus que até então eram os lideres religiosos e orientadores oficiais do povo em matéria de religião, viram-se, agora, ameaçados por um jovem "rabi" (mestre), que ignorando as regras instituídas pelos homens, observava a Lei seguindo unicamente os princípios divinos.
- Logo, o problema aqui não era o colher espigas (pratica proibida nas regras de observância do sábado estabelecidas pelos judeus), nem mesmo curar o enfermo, mas sim "quebrar as regras" previamente estabelecidas pelos lideres judeus.
E. A blasfêmia dos Escribas - Os versos 20 a 30 do capítulo 3 de Marcos chama a atenção pelo fato de que as ações de Jesus chamaram a atenção de dois grupos especiais: sua família e os escribas de Jerusalém.
- A família - Ao serem notificados das ações, quase ininterruptas de Jesus em Cafarnaum, bem como a forma dinâmica como estava exercendo seu ministério, sua família (mãe e irmãos) se preocuparam e, segundo o texto foram ate o local para deter (prender) Jesus.
- A intenção da família pode ser representada pela fala de Jesus em afirma que uma "casa dividida contra si mesma não pode subsistir" (v.25).
- Os escribas de Jerusalém - Após confrontar os lideres das sinagogas e um grupo de fariseus de Cafarnaum, a fama e as atividades de Jesus, como novo e proeminente Rabi, chegaram a Jerusalém e, de lá, vieram representantes para saber quem Ele era e sob qual autoridade estava exercendo Seu ministério.
- Contrariados pela forma como Jesus exercia Sua obra, declararam que o jovem mestre estava possuído pelo poder de Belzebu (senhor das moscas), divindade cananeia (ver 2 Reis 1:2), identificada como sendo o próprio Satanás.
- O fato de não crerem em Jesus como Filhos de Deus já era algo ruim, contudo, afirmar que Aquele que havia sido ate então guiado pelo Espírito de Deus deste o seu nascimento, estivesse agora sendo "possuído" por Satanás, configura completo desconhecimento da obra de Deus e pecado contra o Espírito Santo.
F. A família de Jesus - Os versos 20 e 21 de Marcos 3, em conexão com o verso 31, nos ajudam a entender a importância da família de Jesus neste relato.
- Assim como a notícia do exaustivo ministério de Jesus, bem como suas muitas ações de milagres e ensino chegaram em Jerusalém, de onde vieram os escribas que o acusaram. Essa mesma informação chegou a sua família.
- O verso 31 deixa claro que a "família" presente era composto de sua mãe e seus irmãos.
- O objetivo era claro: Interditar Jesus. Mediante a acusação de descontrole pessoal. Uma vez que Jesus estava deixando de se alimentar para atender o povo.
- Por fim, Jesus, não desprezando a preocupação de sua família, mas reorganizando as prioridades, repreende seus parentes destacando que quem, de fato, faz parte de Sua família são os que fazem a "vontade de Deus". O que Sua família (mãe e irmãos), naquele momento, não estavam fazendo.
Destaque:
A. A maneira como Jesus inicia e desenvolve Seu ministério torna-se, a medida que avança, uma clara declaração de guerra contra a religião destituída da verdade de Deus e aos planos de Satanás. Desde Seu batismo e, consequente vitória no deserto, ficou notório ao inimigo e a seus agentes que o avanço do evangelho significa a perda de território e influência do inimigo. Logo, todos saberiam quem era Jesus e qual o motivo pelo qual viera em forma humana. Isso, por consequente provocaria medidas extremas por parte do inimigo de Deus. As declaração de Jesus em Marcos 2:20, antecipando Sua morte e a decisão dos fariseus em conspirar com os herodianos a morte Sua morte, revela o quanto o ministério de Jesus estava no caminho certo e abalando a autoridade, domínio e poder do inimigo.
B. Os fariseus tinham o sábado como um dos pontos mais importantes a ser respeitado na Lei de Deus. Chegando ao ponto de considerar a observância do dia de sábado mais importante do que a vida ou a saúde humana (cf. Marcos 2:23 a 28 e 3:1 a 5). Contudo Jesus revela que o dia de sábado foi estabelecido por "causa" do homem. Noutras palavras o motivo ou razão de existir o sábado é para benefício do homem. Logo, o homem é mais importante do que o sábado. No entanto, estava diante deles, Aquele que é maior e mais importante do que o sábado e do que o próprio homem, o Filho de Deus.
Aplicação:
A. A autoridade revelada por Jesus e sua Palavra tende a causar no ser humano a perda da "aparente" autoridade que este julga possuir. Diante dessa realidade, entre aceitar a autoridade e poder de Jesus, por fim, acabamos forçados a aceitá-Lo como Deus ou rejeitá-Lo. No entanto, somos convidados a sermos humildes e andarmos humildemente com Deus, reconhecendo e aceitando Sua autoridade e, nos colocando a Sua disposição como discípulos e servos.
Pr. Vítor de Oliveira Ribeiro - Sagrada Família - MMN - USeB
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