Jacó, o enganador

1. RESUMO DA LIÇÃO

A. A última vez em que o autor falou de modo enfático sobre “engano” foi no contexto do Éden; quando Eva foi “enganada”. Esta ligação com o passado, por si só, faz da história de Jacó um relato duro da realidade humana. E conecta Gên. 27 aos elementos de Gên. 3: “descendentes, conflito, calcanhar”. 

i. Destaque para o fato de Jacó ter se valido (usado) do nome de Deus para enganar seu pai. Assim como fez o inimigo para enganar Eva.

B. Preferido – Se a relação entre Abraão e Isaque revela a primeira ocorrência de amor de pai para filho. E, a relação de Isaque e Rebeca marca a primeira referência de amor entre marido e mulher (amor conjugal). A relação de Isaque e Rebeca marca a primeira citação direta de uma relação familiar cujo o amor entre os filhos esta dividido.

i. Isaque “ama” Esaú e;

ii. Rebeca “ama” Jacó.

1. Vale destacar que o texto deixa claro o “motivo” pelo qual Isaque ama Esaú – “porque comia de sua caça”.

2. Contudo, o texto não menciona “motivo” algum para Rebeca amar Jacó.

a. Outro ponto em relevo é a menção de que Esaú era “perito”. Destacando o que Esaú “faz”.

b. Porém, não há menção do que Jacó “faz” mas é destacado o que ele “é” (caráter).

C. A Casa de Deus – O encontro de Deus com Jacó em Betel chama a atenção pela ênfase que o Senhor dá em relação a “presença” e “proteção”. O motivo pelo qual Jacó saíra de casa já não devia preocupa-lo, pois Deus estaria com ele.

i. Embora Jacó não tenha fugido de Deus, em sua fuga para a casa de seu tio, primeiro, dormiu na Casa de Deus.

1. Destaque para o fato de não ter Deus repreendido Jacó neste primeiro encontro. Jacó mentiu para poder se tornar o “representante de Deus” e agora estava diante daquele a quem desejava servir.  Isso sugerir que Jacó já havia se arrependido do erro cometido antes mesmo de deixar a casa do paterna. 

ii. Os elementos mencionados no relato: descanso; lugar, pedra, coluna, escada, adoração e dízimo. Conecta Betel com a futura Casa de Deus – o Templo. E antecipa a base do sistema de adoração.

1. A menção de a escada que é o próprio Deus, sair da terra e tocar o céu indica a conexão entre o futuro Templo terrestre e o Santuário Celestial.

D. Direito a Primogenitura – O relato do encontro de Jacó com seu tio descreve que tudo o que havia ocorrido em sua casa Jacó contou ao tio. Logo, Labão sabia do erro cometido por seu sobrinho. Isso coloca em destaque, quase como tema central não o amor de Jacó por Raquel, mas sim o tema da “primogenitura”. 

i. Fica fácil compreender por que Labão deu sua filha primogênita primeiro em lugar de sua filha mais nova. Tal ato mostrou a Jacó que embora em sua casa o mais novo vem antes do mais velho, na casa de Labão não era assim.

ii. Um casamento frustrado – os casamentos de Jacó é, em si mesmo, um anúncio de enredo que antecipa o traumático relacionamento entre Jacó, Lia e Raquel. 

1. Enquanto para o casamento de Lia com Jacó houve preparativos, cortejo, banquete e festa. Para o casamento de Jacó e Raquel não é mencionada nada além da união que ocorreu após finalizado o período nupcial de Lia.

a. Se, os sete primeiros anos foi pautado na relação de “trabalho por amor”, os últimos sete anos foram pautados na relação de “trabalho e dor”.

b. Ironicamente, Rebeca deseja que Jacó não se casasse com as mulheres próximas a eles pois elas já estavam causando dor de cabeça a Rebeca. Contudo, maiores problemas encontrou Jacó com as esposa que tomou para si.

E. A benção da Família – Ainda que filhos sejam a benção de Deus, no contexto de Jacó estes lhe causaram ainda mais divisão familiar. Isso por que os filhos se transformaram em trunfos de guerra. 

i. Vale destacar que Raquel só deu a luz a José quando terminou o período em que Jacó deveria trabalhar por sua união com ela. 

1. Ao mesmo tempo o nascimento de José, cujo nome significa “Deus tirou”, marca o momento em que Deus aconselha Jacó a se “retirar” da casa de seu tio. 

a. O nascimento de José marca o final do exílio de seu pai e antecipa a repetição da história de Jacó. Uma vez que, José, o mais novo, receberá como Jacó a promessa da primogenitura.

F. Jacó partiu – A saída de Jacó da casa do sogro e tio Labão marca o momento em que ele rompe com o presente para se encontrar com o passado.

i. Por que Jacó não deixou Labão antes?

1. Esperou ter provisão para a família;

2. Esperou Raquel dar a luz José;

3. Esperou ouvir a voz de Deus e;

4. Porque tinha medo de seu irmão Esaú.

a. Deus esperou Jacó se conscientizar da necessidade de sair para então confirmar a sua decisão de voltar.

b. Ao se apresentar como o “Deus de Betel” o Senhor não somente deu a certeza que tudo daria certo mas também reafirmou a promessa de que estaria com Jacó.

2. DESTACAR 

A. Em Babel, na tentativa humana de chegar a “porta de Deus” o próprio Deus desce para embargar a obra. Em Betel, na intenção divina de se aproximar do homem o próprio Deus desce para colocar a “pedra” fundamental e dar início as obras da futura Casa de Deus.

3. APLICAÇÃO 

A. Ao que parece as ações de Jacó tinham por finalidade ter acesso a algo que por direito não lhe pertencia. Por não confiar na “provisão” divina ele tomou a decisão de resolver o aparente problema. Julgando que “os fins justificam os meios” acabou sendo a própria personificação do engano. Por sua decisão trouxe divisão a família, sendo privado de estar presente no momento da morte dos pais. Resultado de escolhas feitas sem a direção de Deus.


Pr. Vítor Ribeiro – Missão Global – AML


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Os últimos dias - Comentário LES

Controvérsia em Jerusalém - Comentário LES

O caminho, a verdade e a vida - Comentário LES