Orar pelas Autoridades - 1 Timóteo 2. 1 a 3

Diante do cenário pandemico e político em que se encontra nosso país, bem como todo o mundo, como cristão vejo-me responsável de não somente investir tempo para orar por aqueles que enfrentam a dor e o luto por conta da pandemia mas também, por todos aqueles que tem lutado para que essa realidade seja revertida. Dentre essa muitas pessoas estão nossos dirigentes políticos. 

Longe de me colocar como defensor ou partidário do lado "A" ou "B", na qualidade de historiador, teólogo, e antes de tudo, como cristão, pesa sobre mim a necessidade de orar por tais pessoas. Seja na esfera municipal,  estadual ou federal. E isso não se encontra em oposição ao conselho Bíblico.

Pelo contrário, o apóstolo Paulo, escrevendo ao jovem pastor em Éfeso, Timóteo, entre os anos 65 e 66 da era cristã exorta o líder da igreja a incentivar os cristão locais a interceder diante de Deus por todos os homens, incluindo aqueles investidos de autoridade (reis e governadores).

"Antes de tudo, recomendo que se façam súplicas, orações, intercessões e ação de graças por todos os homens; pelos reis e por todos os que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida tranqüila e pacífica, com toda a piedade e dignidade. Isso é bom e agradável perante Deus, nosso Salvador[...]" (1 Timóteo 2.1 a 3).

Segundo Kelly (1983), Paulo destaca a [...] primeira exigência de Paulo é que se use a prática de súplicas, orações, intercessões, ações de graça, em favor de todos os homem. Não é necessário forçar a exata distinção entre estes termos; seu objetivo é insistir na centralidade da oração mais do que oferecer uma análise sistemática dos seus tipos. [...]. 

A solicitude principal de Paulo é que a intercessão cristã deva ser em favor de todos os homens; este fato é confirmado pela sua lembrança enfática em 4 e 6 que Deus quer que todos os homens saibam a verdade, e que Cristo deu Sua vida por toda a humanidade. Devemos inferir que havia um espírito exclusivista nalgumas seções da comunidade de Éfeso, provavelmente em conexão com a tendência judaico-gnóstica no pensamento dos mestres do erro. Paulo toma claro que uma atitude estreita deste tipo é uma ofensa contra o evangelho de Cristo. 

Em especial, os cristãos devem orar em favor dos reis e de todos os que se acham investidos de autoridade. O primeiro termo, reis, designava o imperador no oriente, [...]. A injunção é geral, no entanto, e o plural abrange não somente o imperador romano (no presente caso, Nero), como reis locais também. 

Os que se acham investidos de autoridade, também, é uma descrição geral para oficiais de destaque de quase qualquer tipo. O cristianismo logo teria bons motivos para hostilidade contra o estado, e o Apocalipse demonstra que tal atitude tomou-se comum nalguns círculos. Mas o N.T. testifica de considerável lealdade às autoridades imperiais e cívicas: e.g. Rm 13: 1 ss.; 1 Pe 2:14, 17; Tt 3:1[...]. 

No judaísmo, o sacrifício era regularmente oferecido no Templo e intercessão feita nas sinagogas pelo poder civil pagão: cf. LXX Jr 36:7; Bar. 1:10-13; Ed 6:10; 1 Mac. 7:33. O costume logo arraigou-se no cristianismo, e tais orações eram estabelecidas na liturgia já em fins do século I (1 Clem. lxi). De modo geral, no decurso das eras, o cristianismo tem inculcado respeito para com o poder civil, seja cristão, seja pagão, pelo menos até que começa a exercer uma tirania intolerável. A base teológica tem sido a convicção de que o poder e a autoridade terrestres têm seu lugar destinado na disposição providencial do mundo (cf. Rm 13:1 ss.). (KELLY, Epístola Pastorais, 1983, p. 64 é 65).

Ademais, dentre as razões para orar pelas autoridades está a busca por "[...] uma vida tranqüila e pacífica, com toda a piedade e dignidade".

Frente os desafios enfrentados pelos cristãos na grande cidade de Éfeso Paulo conclui que a intercessão dos fiéis em favor de suas autoridades contribuiria para que tanto os cristãos como a Igreja obtivesse, pelo menos nesse contexto, oportunidade para desenvolverem sua fé e praticar sua religião. 

Estaria Deus esperando semelhante atitude dos cristãos hoje? Creio que sim. Logo, tão certo como apresentar nossas críticas e opiniões pessoais quanto ao governo atual, como cristãos, devemos orar por eles. No fim, sao todos homens e mulheres por quem Jesus morreu e a quem Deus deseja salvar.

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