O Maná - Sinal da Provisão do Eterno

"Na tarde do décimo quarto dia do mês, enquanto estavam acampados em Gilgal, na planície de Jericó, os israelitas celebraram a Páscoa. No dia seguinte ao da Páscoa, nesse mesmo dia, eles comeram pães sem fermento e grãos de trigo tostados, produtos daquela terra. Um dia depois de comerem do produto da terra, o maná cessou. Já não havia maná para os israelitas, e naquele mesmo ano eles comeram do fruto da terra de Canaã" (Josué 5.10-12).

O livro de Josué é o primeiro livro do bloco ou conjunto classificado como livros Históricos. Ele encerra o bloco ou conjunto anterior de livros conhecido como Pentateuco, os cinco primeiros livros da Bíblia de autora de Moisés, líder de Israel, precursor e mentor de Josué, filho de Num. 

Esse capítulo esta inserido em uma perícope que, em minha opinião, compreende ainda três capítulos. Estendendo-se do capítulo 3.1 ate o capítulo 5. 12. Nesse contexto, de modo mais amplo, encontramos Josué no posto de líder de Israel, momento em que o Senhor o convoca, encarregando-o da tarefa de conduzir o seu povo de modo a tomarem posse da terra prometida (Canaã). O primeiro passo consiste na travessia do rio Jordão, que segundo o registro, encontrava-se transbordando em ambas as margens, pois era época de colheita (cf. v.15). Para conseguir tal intento o Senhor vai a frente de seu povo, liderando-os na travessia por meio dos sacerdotes que ao pisarem nas águas, estas se retém. Fato que leva ainda mais assombro e admiração aos reis locais.

Nessa travessia e após ela o Senhor leva o povo a um momento de reconciliação e confirmação da Aliança. Isso fica notório ao verificarmos a incidência da palavra "aliança" no texto. São cerca de onze citações diretas à aliança de Deus, sem contar as demais citações indiretas. Ademais, o Senhor pede que seja retirada pedras do fundo do Jordão a fim de erigir uma coluna, ou marco que sirva de lembrança dos feitos de Deus.

No contexto imediato veremos a presença de duas das mais solenes instituições ligadas a aliança de Deus com o homem sendo por Ele requeridas: a Circuncisão e a Pascoa. Segundo o texto, em Gilgal, (cf. 4.19 e 5.10), ao cair da tarde do décimo quarto dia do primeiro mês Deus pede que seja celebrado a Pascoa como lembrança da libertação do Egito e como memorial relacionada a prometida libertação final do pecado. E, a circuncisão, lembrança do concerto e aliança feita com Abraão e, como memoria da aliança vindoura a ser estabelecida com o Messias. 

Ao final desse momento, um outro marco,  tão importante quanto a Circuncisão e a Pascoa, é também mencionado. Ainda que parece algo sem muita importância ou expressão tal marco esta encravando na história de Israel e, marca o fim de um período e o início de outro. O divisor de águas aqui apresentado é o Maná. 

Oferecido ao povo por Deus como parte da dieta do deserto este se tornou o alimento básico dos filhos de Deus por quarenta anos. Das cercania do Sinai as fronteiras de Canaã. Utilizado como parte dos elementos disponibilizados por Deus como parte de sua estratégia pedagógica, com a finalidade de instruir o povo sobre várias verdades, entre elas: a santidade e pratica do sábado, a mordomia e sobre a fidelidade do Deus de Israel. 

Como registrado em Êxodo 16.4, o "pão do céu" desceu aos homens e os alimentou, não somente de forma física, mas também de modo espiritual, dando ao desterrados israelitas a certeza da companhia sempre presente do Senhor, cuidador de sue povo. Tal fora a importância desse elemento que o mesmo foi colocado junto a expressão máxima da Aliança de Deus com o povo - a Lei, os Dez Mandamentos (cf. Êxodo 16.3). Assim como as tábuas escritas pelo próprio dedo de Deus foram colocadas na arca do concerto, o Maná, oferecidas das benevolentes mãos de Deus, fora ai também mantidas a fim oferecer as futuras gerações impressões indelével do cuidado paterno e amoroso de Deus (cf. 16. 34 e 35). 

"Os israelitas comeram maná durante quarenta anos, ate chegarem a uma terra habitável; comeram maná ate chegarem às fronteiras de Canaã" (Êxodo 16.35). Tendo ali chegado tanto a Circuncisão, como a Pascoa e Maná são marcos que revelam a graça, a provisão e o cuidado de Deus por seus povo. Por meio delas o Eterno impressionou a mente de seus filhos apontando para o passado, ao lembrar do chamado de Abraão, o Êxodo e a Pascoa, ao mesmo tempo que os faz lançar seu olhos para o futuro, para a promessa que se cumprirá através da pessoa de Cristo Jesus. Através desses símbolos, o Senhor mostra que Ele não somente liberta mas também mantém e cuida. Ele não somente promete, mas cumpri. 

Assim, o ultimo dia em que o Senhor concedeu o Maná (cf. Josué 5.12), marca um momento de transição entre o fim e o começo, entre o temporário e o para sempre. Entre o provisório e o eterno, entre  sonho e a realidade. Entre a promessa e o cumprimento. Entre o partir e o chegar, entre o deserto e Canaã. E, entre a escassez e o maná. 

*Texto em construção.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Os últimos dias - Comentário LES

Controvérsia em Jerusalém - Comentário LES

O caminho, a verdade e a vida - Comentário LES