O livro de Êxodo: o povo oprimido e o nascimento de Moisés - Comentário da LES

 Êxodo 2:23-25

Para os amantes da literatura bíblica é substancialmente difícil definir qual, dentre os livros, é o mais especial. Isso porque cada um dos livros da Bíblia reserva e apresenta uma infinidades de razão para apreciá-los. No entanto, para este trimestre, nosso objeto de estudo é o livro de Shemot, o segundo livro do cânon do Antigo Testamento (A.T) e, do mesmo modo, o segundo livro da Torá ou Pentateuco. Na versão grega do AT o livro recebe o nome de Êxodo (exodus), referindo-se a saída do povo hebreu das terras egípcias. Uma realidade que ao logo da narrativa torna-se o pano de fundo da história descrita pelo autor. E, devemos destacar que a "saída" do povo hebreu das terras e da dominação egípcia não é o ponto central o livro, mas sim o pano de fundo ou cenário principal. Isso porque, o ponto central do livro concentra-se na ação divina de auto revelação. O estudo acurado e cuidadoso do conteúdo apresentado por Moisés, autor do livro, verificar-se-á que tem o propósito de oferecer ao leitor uma revelação clara de quem é o Deus dos hebreus. Essa constatação fica evidente ao se observar a ênfase apresentada já nas primeiras palavras do livro (estes são os nomes) que se refere aos filhos de Israel, mas implicitamente, se refere ao fato de que o livro irá revelar o NOME e os nomes de Deus. Não somente o nome pelo qual Ele deseja ser chamado, mas também, vários outros nomes pelo qual Ele se refere a si mesmo, por exemplo em Êxodo 15:26 onde se apresenta como o Deus que "sara". Essa ênfase no nome ou na revelação divina é apresentada em Êxodo 5:2, como resposta a pergunta do rei que declara que não "conhece" o Senhor, fato que leva-o a não obedecer a Sua vontade. Em resposta ao questionamento do rei e como forma de deixar claro quem o Senhor é, Ele se revela á Moisés, á seu povo, ao rei e as nações do mundo por meio dos feitos relatados em Êxodo.

Objetivo: Destacar o contraste entre o sofrimento do povo hebreu e a providência de libertação por meio do nascimento de Moisés.

A. O povo de Deus no Egito - Uma vez que o livro de Êxodo é a continuação direta do livro de Gênesis, devemos ter em mente que, embora a família de Israel tenha decido para o Egito e, neste ambiente tenha sido feito escravo, eles continuam sendo o povo escolhido por Deus.

  • Neste sentido, devemos levar em consideração que a este povo, o Senhor havia apresentado a promessa presente em Gênesis 1513 e 14. E, esta promessa foi cumprida. Isso nos leva a duas constatações: 

    • Deus não se esqueceu de Seu povo e;
    • Deus não abandou Seu povo.
  • Êxodo 1:7 afirma que o povo foi fecundo, aumentando muito e se multiplicando, destacando a veracidade do comprimento da promessa feita á Abraão que sua casa se tornaria uma grande nação.
  • Essa ênfase é ainda mais destaca pelo uso do substantivo "Terra" no final do verso 7. A palavra aqui é "erets" traduzida como Terra, terreno e pais, a mesma palavra utilizada por Moisés ao relatar Gênesis 1:1 e 2, fazendo referência ao planeta terra. 
    • É certo que o texto não esta dizendo que o povo de Israel nos Egito havia crescido a ponto de ocupar todo o planeta, no entanto, o uso da palavra "erets" amplia a ideia de quanto o povo cresceu em cumprimento da promessa divina.
  • Ao mesmo tempo, a frase "grandemente se fortalecia" serve no texto como um anúncio de enredo para os versos 8-10, onde por conta da grandeza e força do povo Israelita o novo rei do Egito, por meio de "astúcia", irá submete-los a escravidão.

B. O contexto histórico - A base introdutória do livro de Êxodo encontra-se no livro de Gênesis a partir do capítulo 46. 

  • Ao analisar as primeiras páginas deste relato devemos ter em mente o motivo que levou a família de Israel (Jacó) para o Egito, e o motivo foi a fome severa que se abateu sobre as terras de Canaã. 
  • Uma vez que Deus, de antemão havia enviado para o Egito José e, feito dele governador, o mesmo foi utilizado para abastecer o Egito de suprimento de grãos. Os mesmos grãos que serão utilizados para alimentar o pais e também, a família de Israel. 
  • O contexto histórico mais provável para a história do êxodo é o seguinte: o novo Faraó, “que não havia conhecido José” (Êx 1:8), é Amés I (1570-1546 a.C.). Em seguida, veio Amenotepe I (1546-1526 a.C.), o governante que temia os israelitas e os oprimiu. Mais tarde, Tutemés I (1525-1512 a.C.) emitiu o decreto mandando matar todos os meninos hebreus recém-nascidos. Sua filha Hatshepsut (1503-1482 a.C.) foi a princesa que adotou Moisés. O Faraó Tutemés III (1504-1450 a.C.), que durante algum tempo governou junto com Hatshepsut, foi o Faraó do êxodo.
  • Segundo os estudos mais confiáveis o êxodo ocorreu em março de 1450 a.C.

C. As parteiras hebreias - Uma vez que o povo de Israel cresceu, o rei do Egito toma medidas a fim de evitar que continue deste modo. Sua estratégia foi realizar um controle forçado de natalidade por meio das parteiras hebreias que auxiliavam as mulheres a dar a luz a seus filhos.

  • O plano não bem sucedido, uma vez que tais mulheres desobedeceram a ordem do rei do Egito a fim de manter-se fiel a ordem do Deus de Israel.
  • Assim como já mencionado, os "nomes" no livro de Êxodo recebem destaque especial. Enquanto nenhum rei do Egito é mencionado por nome, as parteiras fieis á Deus, tiveram seus nomes imortalizados na historia de Israel.
  • Uma vez que, os planos iniciais do rei foram frustrados, é colocado em pratica a primeira ação de perseguição contra os israelitas registrada na história. 
    • É ordenado ao povo quer lancem os meninos israelitas no rio Nilo, como sacrifício e, provável oferta ao deus Hapi, o deus do Nilo.

D. O nascimento de Moisés - Embora tenha nascido em meio a ameaça de morte e privação de liberdade, a descrição feita de Moisés, segundo o texto, era um bebê "bonito", no hebraico "tob", literalmente "bom".

  • Uma vez que Moisés, foi utilizado por Deus para se tornar o libertador do povo, a palavra "tob" ou bom aqui não destaca somente a beleza do bebê mas enfatiza sua condição frente o desafio que estava diante dele. 
    • Uma vez que o adjetivo "tob" aparece na descrição feita por Moisés da criação (Gênesis 1), ao declarar o Senhor que "tudo era bom", destacando a avaliação feita pelo Senhor de Sua obra. É possível apontar que, na avaliação divina, o bebê era "bom", aprovado ou adequado para a função ou objetivo de ser o libertador de Israel.
  • Um dado interessante sobre o nome de Moisés. O nome Moisés tem origem egípcia e significa "filho de". No entanto, em hebraico Moisés, é "Mosheh", que significa "tirado ou puxado", fazendo alusão ao fato de que o mesmo foi tirado das águas do rio Nilo.
    • Dois pontos podem ser extraídos aqui:
      • Primeiro que, ou invés de ser conhecido como "o filho de", fazendo uma referência ao rio Nilo, como se afirmasse que Moisés era "filho do Nilo". Seu nome hebraico reforça a ideia de que ele não é filho do Nilo, pois do Nilo ele foi "tirado ou puxado". Reforçando a ideia de não pertencer ao rio.
      • Segundo, assim como, Abraão foi tirado da terra de sua parentela, Jacó foi tirado da casa de seu sogro e José foi tirado da casa de seu pai para cumprir o propósito divino, Moisés foi "tirado ou puxado", do rio e posteriormente do próprio Egito, a fim de se tornar o instrumento divino.

E. mudança de planos - Embora o plano fosse que Moisés, como "filho do" Nilo, se tornasse rei e "um deus" no Egito, os planos mudaram quando Moisés, frente ao sofrimento de seu povo, escolheu fazer justiça com as próprias mãos.

  • Os versos 11 e 12, do capítulo 2 relata a ação de Moisés colocando-o em direto contraste com a ação divina apresentada nos versos 23 á 25 do mesmo capítulo.
    • Moisés o sofrimento de seu povo e, desobedecendo a ordem divina, matou um egípcio, e escondeu o corpo.
    • Deus, ouviu o gemido do povo e lembrou-se da "aliança" estabelecida com Abraão, Isaque e Jacó e se preparou para cumprir a promessa. 
      • Enquanto Deus se lembrou e se apegou a promessa. Moisés, não confiou na promessa divina.

Destaque:

A. Frente a promessa feita por Deus ao povo de Israel, a maneira como o povo foi tratado apresenta um paradoxo. Isso porque quanto mais o povo era oprimido e perseguido, mais o povo se multiplicava. Sinal evidente de que nada pode impedir o cumprimento da promessa de Deus.

Aplicação:

A. A principal mensagem apresentada no início do livro é que o Senhor não havia se esquecido de Seu povo.

Pr. Vítor de Oliveira Ribeiro - Jaíba - MMN - USeB 

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