Compreendendo as Escrituras - TALMIDIM - O princípio do verdadeiro discipulado
TALMIDIM
(s.m.pls. = aprendizes, discípulos)
A mera
tradução da palavra TALMIDIM (talmid, s.) não é suficiente para esclarecer sua
relevância nos dias de hoje.
Precisamos
conhecer sua história e seu contexto mais remoto para sabermos exatamente o que
ela significa.
Na Galiléia do
tempo de Jesus, os meninos em Israel iniciavam seus estudos da Torah aos 6 anos
de idade. Aos 10 anos já tinham a Torah decorada. O ensino era
geralmente oferecido por um rabino nas sinagogas.
A partir dos
10 anos de idade, quando encerravam os estudos na escola primária (Beit Sefer)
apenas os melhores e mais destacados alunos eram selecionados para a escola
secundária (Beit Talmud).
Os meninos que
não prosseguiam os estudos eram ensinados na profissão da família.
Os que haviam
sido selecionados para dar seguimento aos seus estudos, aos 14 anos já sabiam
de cor todas as Escrituras: além da Torah (a Lei de Moisés, composta pelos
cinco primeiros livros da Bíblia, chamados de Pentateuco), também os livros
históricos, de sabedoria e todos os profetas.
Com essa idade
eram também iniciados na tradição oral, a sabedoria dos rabinos acumulada ao
longo da história de Israel, e passavam a discutir as interpretações e
aplocações da Lei de Moisés.
Aos 14 e 15
anos, somente os melhores entre os melhores estavam estudando, geralmente aos
pés de um rabino famoso e respeitado.
Esses
pouquíssimos meninos da elite intelectual de Israel eram chamados talmidim
(trad. discípulos).
Os rabinos
daquela época se distinguiam na maneira de interpretar e ensinar como aplicar a
Lei de Moisés. Cada rabino
possui seu conjunto de regras e interpretações. Por exemplo, discutiam o que
poderia ou não ser feito para guardar o shabat.
Esse conjunto
de regras e interpretações era chamado de “o jugo do rabino”. Hillel e Shamai,
por exemplo, eram dois rabinos famosos no tempo de Jesus. Cada um deles
tinha seus talmidim, e muitos seguidores que se colocavam sob seu jugo.
A relação
entre um rabino e seus talmidim era intensa e pessoal. Em Israel
havia uma recomendação aos talmidim: “Cubra-se com a poeira dos pés do seu
Rabi”. Isso
significava que um talmid deveria observar tudo quanto seu rabino dizia, fazia
e a maneira como vivia, pois sua grande ambição não era meramente saber o que
seu rabino sabia, mas principalmente se tornar semelhante ao seu rabino.
A relação
rabino-talmid era intensa e pessoal, e enquanto o rabino ensinava sua
interpretação da Lei e vivia como modelo aos olhos de seus talmidim, cada
talmid fazia todo o possível para em tudo imitar seu rabino de tal maneira a
que se tornasse igual a ele.
O conceito de
talmidim é um dos mais fundamentais do Novo Testamento. Jesus, o
Cristo de Deus, escolheu o sistema rabino/talmid para se relacionar com os seus
seguidores.
Assim como os
rabinos de sua época, Jesus também chamou seus talmidim. Com duas
diferenças. A primeira é
que Jesus criticou os rabinos seus contemporâneos, afirmando que colocavam um
jugo pesado demais sobre seus seguidores, e que eles mesmos não conseguiam
suportar. Eram rabinos
do tipo “faça o que digo, mas não faça o que eu faço”.
Jesus, além de
viver de modo absolutamente coerente com seu ensino, oferece descanso aos
talmidim dos outros rabinos, que viviam cansados e sobrecarregados, e promete
aos seus talmidim “um jugo suave e um fardo leve”.
A segunda
diferença é que os talmidim em Israel eram meninos extraordinários, uma elite
intelectual e privilegiada. Mas Jesus
convida a todos, indistintamente, para que se tornam seus talmidim. Pessoas
comuns, como você e eu, podem seguir a Jesus e viver sob a promessa de que um dia
se tornarão exatamente iguais a ele. Jesus ensinou
aos seus discípulos em três anos de intensa convivência. Convido você a
colocar o pé na estrada e me acompanhar nessa aventura de seguir a Jesus como
seus talmidim.
TALMIDIM. Disponível em:<http://talmind.blogspot.com.br/2012/01/significado-de-talmidim.html>. Acesso em: 07 mar. 2018.
Nota:
Esse texto aparentemente simples é, sem dúvida, a maior evidência daquilo que é, verdadeiramente, a formação de um discípulo. Estudar muito e andar junto. A melhor interação entre teoria e prática, entre ensinar e servir de modelo, entre falar e fazer, imitar e ser.
Jesus disse que basta a seus discípulo o desejar ser igual a seu mestre. Levando em consideração que ninguém pode ser maior do que Ele, ser igual a Ele já é honra muito maior do que podemos sonhar.
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